quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ARMENIO, A POSSIBILIDADE DA ALEGRIA

ARMENIO, A POSSIBILIDADE DA ALEGRIA
(*) Paulo Matos
O fato é que as notícias circularam baixinho, em tom temeroso, entre interlocutores sempre inseguros: o líder estaria fora de campo, sabe-se lá por quanto tempo. A rede em torno dele não é grande, restrita, até. Mas envolve gente de todas as classes, anônimos e famosos, diferentes.

É gente com quem ele opera e modo humano, atento, preocupado, intenso. E as notícias não eram boas, preocupantes, o nosso Mendes estaria contundido e a beira do gramado, sendo atendido. O futuro sem este papo era vazio e impreciso.

A preocupação rolava solta, as informações eram insuficientes, enfim, era a voz rouca das ruas que falava nele. Mas o som de sua voz alegre fez uma catarse, me ligou - no momento dos boatos intensos -, provocou o efeito salutar.

Era a conscientização de uma lembrança fortemente emocional, que tinha marcado espaço por sua fora e energia, até então reprimida e não refletida, que explodia como um grito de gol agora na certeza da continuidade daquele papo experto que aponta o futuro insistente.

Para nossas vidas trouxemos um homem que, vindo do mar, Santos recebia há 46 anos, carregando uma pasta de marceneiro. Se originava de lugar humilde e antigo como ao tempo de seu surgimento no Império Romano, uma vila lusitana.

Armenio vinha disposto e seu segredo não exigia guarda na viagem, chaves ou cofres, pois pois que vinha dentro dele de braço dado com a coragem: era a criatividade que, para o Físico Albert Einstein, em determinadas situações vale mais que o conhecimento - o que se provou aqui.

Sua história é exemplar, curiosa e atraente, é uma notícia por seus detalhes atípicos, que se pode aferir, que ele conta, satisfeito. São raros os eventos semelhantes protagonizados por imigrantes portugueses como ele.

Armenio difere-se da de pessoas que vemos todo dia por sua garra – chamaríamos libido, vontade, obstinação no sentido original alemão. Quem explica esse sentido é o escritor Herman Hesse, descrevendo a construção da palavra naquele idioma no livro "Narciso e Goldmund”: obstinação, a vontade ("des eigenenn") do próprio ser ("sinn").

Frio, dizem-no quase todos que não o conhecem, ao contrário seu jeito discreto de ser agregou muita gente produtivamente. E em muito maior número do que em meras relações formais, ou seja, dialeticamente, ao avesso do pressuposto inicial. Sem fazer festa, é mais amigo do que os outros.

As pessoas, ao receberem a notícia de sua vitalidade retomada, foram tomadas por uma irradiação coletiva e eficaz de expressão otimista. E ficaram em festa. É fácil vê-las manifestas: difícil aquilatá-las na natureza social de sua existência, como fenômeno ao som de um fado destes que faz dançar o próprio coração. Dançarino, que o diga sua parceira predileta dos céus.

Ele vencera outra vez e a esta altura sua torcida avassalava como em um côro de crianças cantando em Villa-Lobos no estádio. Reconquistava o palácio principal de seu império, seu próprio ser promotor de emoções com que lida (aparentemente) sem transmitir emoções. Porque é sério e preciso e, repete ele, alguém tem que sê-lo.

Seu prazer mais caro no sentido de querença, do sítio preferido dos animais, ato de querer sem querelar, é o charuto, o vinho e a conversa franca que rola na mesa, que habita leal e lépido com seu raciocínio rápido e conclusões assertivas por trás das camisas bordadas em seu “A.M.” por sua Celeste.

Na verdade sensível, forçado a disfarçar, Armenio comanda com cara de durão um universo de Atividade em que se coloca e se traduz em meio a milhares de beneficiados, ele responsável por eles, indutor.

É bom dizer logo que o problema que teve Armenio era genético e poderia acontecer a qualquer hora, não significou esgotamento. Portanto, paira distante qualquer outra hipótese para este Mauá, feito como ele, senão a de continuar com a gente na velocidade máxima de sua obra magna.

Magna de compromissos “prime”, primordial, primeiro, principal – no compromisso do fio de bigode que um dia tirou, sério e sempre no prazo, há mais de 30 anos.

A referência ao Barão e depois Visconde de Mauá, que tinha mais dinheiro que o governo, não é gratuita porque de origem e formação idênticas em áreas pobres - o Arroio Grande gaúcho e Chão-de-Couce português de Leiria.

Armenio e Mauá tiveram nos números e letras o mistério de sua multiplicação agregadora de almas e aventuras de tanta gente. Armenio não esquece a mestra Esmeralda quem, na verdade, lhe deu o amor pelos números.

Não é outro o sentido de Armenio e sua rota experimentada nos monumentos deslumbrantes, que ele propicia faz desfilar em espetáculo universal das essências pessoais dele para todos - sua forma de transmitir amor -, que envolve em ligação superior de alma e de pele.

A forma dele é esta, sem sentido para quem prefere o recolhimento da reflexão oca, momento este que para ele promove aos saltos de qualidade de vida para cada vez mais gente.

Armenio Mendes é esse sujeito que no espírito de sua comunidade, que gestiona, produz e permite multiplicar agregando mais e mais gente, vive essa alegria do coletivo de pessoas engajadas em sonhos de crescimento e progresso.

Estes sonhos tem nele Armeno o guia dedicado e simples, sem gostar de fotos nem floreios como quem tem a noção das dimensões da vida que ele procria como ninguém na sua azáfama, no seu empenho que também é prazer, este que ele gera.

Disseram-me outro dia na praia que era preciso “... que alguém segurasse esse português” avassalador do concreto colorido e luminoso com que enche as cidades e recupera socialmente núcleos urbanos, em nobre tarefa para a qual o retorno que usufrui é pífio e insignificante.

Diante de tal "levantada de bola", as coisas para o que temos respostas prontas e bombásticas, respondi como ficariam os que mudam para cá, se estabelecem aqui, se alguém “segurar” Armenio - como se sugeria?

“Onde eles vão ficar” foi minha indagação, ó raios, porque ele só tem a sua família e sua casinha em Chão-de-Couce, Distrito de Leiria, perto da casa da mãe de 87 anos e com palmeiras no jardim. E seus vinhos e charutos e amigos, nada mais.

Pergunte por ele lá em Portugal e logo vão te apontar a residência do “Brasileiro das Palmeiras”, estas plantas perenes e altas, soberbas, que ele trouxe para a terrinha por que lembram Santos e o Brasil - que em sua casa lusitana em que vai uma vez por ano é cenário desta sua irmandade de 46 anos.

O trabalho é nossa matéria e nossa história, a precisão seu detalhe. E a precisão exigida por Fernando Pessoa para os navegantes – “navegar é preciso, viver não é preciso....” - define exato de um homem que nos passos de sua profissão se desenvolveu medindo e alinhando objetos materiais.

Eram cenários que Armenio amplificou tornando oníricos, sonhos concretos. Filho e neto de pedreiro, ele nasceu e viveu na pobreza e simplicidade, o que não lhe impediu de projetar na mente e depois no papel e no suor palácios urbanos.

Um painel na parede da sua casa em Portugal mostra Santos e Coimbra, que traz grandes dentro de si, junto com a humanidade que cultua como valor essencial. Valeu o susto, mas agora chega:

Ansiamos por longa vida ao timoneiro das formas ousadas da descoberta ao futuro, as que desenha nas telas que constrói! Agora, nada será como antes, porque navegar é preciso, viver não é preciso, é incerto na Voz de Pessoa. Armenio está conosco: comemoremos!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CHAMEM A POLÍCIA, EM DEFESA DA VIDA

CHAMEM A POLÍCIA, EM DEFESA DA VIDA
DENÚNCIA FEITA EM 2002 E PUBLICADA NO JORNAL DA ORLA

Paulo Matos (*)

A eliminação de mais uma frondosa árvore da cidade, iniciada nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira/16, na rua Vahia de Abreu esquina com a Alberto Bacaratt, no Boqueirão, mereceu nossa providência, chamando a Polícia e registrando a ocorrência de crime ambiental. Foi um ato simbólico, vislumbrando efetivos resultados legais, de um cidadão preocupado também com a dengue e com o despejo dos predadores do mosquito - os milhares de pássaros que moravam nas centenas de árvores destruídas.

Foram centenas arrancadas, na Avenida Ana Costa e em toda a cidade, justamente aquelas que não tinham pragas, que dominam 70% das 30 mil árvores de Santos, um terço que está sendo destruído pelas podas criminosas. Mas sobre esta, também saudável, chamamos a Polícia e registramos uma ocorrência. É o início de uma postura, todos devem agir assim, pois é crime ambiental previsto na Lei 9.605, pela qual responderão os responsáveis.

Quem sabe atos como este despertem o Governo Municipal para as leis ambientais e a proteção à vida. Quem sabe ao invés de devastar, passem a respeitar o ar e as pessoas, o ambiente que não lhes pertence e a cidade que usurparam e que é de todos. É mais uma devastação vegetal na cidade, promovida pela Prefeitura - feita de um espécime de grande porte e sem nenhuma praga ou fio envoltório que pedisse sua poda, realizado a um simples pedido do morador que ocupou o imóvel recentemente. É crime ambiental.

O quadro de aquecimento do clima no mundo, no país e especialmente na cidade exige um mínimo de racionalidade nas políticas vegetais. Árvores adultas, com grandes copas, não podem ser simplesmente substituídas, como se fossem números – por maior que sejam os interesses. Levam décadas para alimentar o ar, umedecer, refrescar, sombrear as pessoas, absorver a água.

É preciso contar com técnicos do EMPRAPA para eliminar as pragas e não simplesmente eliminar as árvores. Os vegetais com pragas do Canal 1 levaram mais de década e meia para serem substituídos, paulatinamente. Jamais uma palmeira imperial ou uma muda irá substituir, em seu papel ambiental, uma árvore de copas formadas em 50 anos, como pensam alguns ser possível. É preciso um mínimo de lucidez ou vamos destruir o ambiente como estão destruindo a sociedade.

O Boletim de Ocorrência da Polícia Militar tem a data de 16/5/2002, às 8.54 horas, feito pela RP 06144 (Soldado PM Antonio e Rogério). É a defesa da vida. Encaminharei as providências junto à Comissão de Meio Ambiente da OAB, para fazer cessar esta política vegetal míope que se impõe sobre a cidade. Basta!

(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e quintanista de Direito. É diretor jurídico do Diretório Central dos Estudantes da Unisantos, assessor parlamentar do vereador Ademir Pestana (PPS).

DANO MORAL E SEGURANÇA JURÍDICA

DANO MORAL E SEGURANÇA JURÍDICA

Paulo Matos (*)

Pode-se dizer, com segurança, que o interesse maior do homem sobre a terra é a Justiça, base do agrupamento coletivo. A violação da agressão moral não é apenas ao direito do indivíduo, mas à norma protetora do direito de todos os indivíduos sociais e seus bens. Cada cidadão deve considerar sua própria proteção no caso de agressão física ou moral, na imputação de atos que não cometeram e pelos quais são obrigados a responder. É ela, pois, a base de nossa convivência, impossível prescindir.

O direito moderno busca sempre ajustar as garantias sociais às suas decisões, porquanto dessa proteção depende a própria manutenção da sociedade como instituto de defesa mútua. O que se vislumbrou necessário, face ao domínio da inteligência sobre a força. Tivéssemos vivido noutros tempos e sobreviveria apenas o mais forte; superamos essa darwinista condição primitiva na constituição de direitos sociais, evoluindo como, por exemplo, com Pierre-Joseph Rousseau, em idéias que acompanharam o princípio da colaboração pela sobrevivência.

O dano moral, o que menoscaba a integridade do patrimônio maior das pessoas, que diminui para quase nada (minos) a cabeça, a existência (caput) no sentido de capacidade, viola o direito subjetivo que cada um constrói em sua trajetória de vida. É uma agressão ao direito tutelado, um dano jurídico à pessoa, irreparável, mas que se busca quantificar para efeito de castigo e reparação, buscando dissuadi-lo como prática nas relações humanas, grave que é.

O sistema jurídico que protege a propriedade de bens materiais, de autoria, de patrimônio, caracteriza como direito subjetivo o da imagem, do conceito desfrutado por quem se dedicou a construí-lo com zelo. Sua evidência é a prova do prejuízo, infere-se aos direitos adquiridos inscritos na proteção constitucional do Artigo quinto da Constituição Federal, Incisos V e X, que de tão fundamentais se repetem.

Atacando e vitimando a capacidade construtiva da vítima, através da demolição programada de códigos externos erigidos por toda a vida, no desrespeito à dignidade pessoal, à honra, ao nome, à imagem, inibe a atividade produtiva, econômica e socialmente. Viola, inclusive, a integridade bio-psíquica - depreendendo-se destes aspectos sua conotação pecuniária, que se exige ressarcida pelos agressores, sob pena de alastrar seu conteúdo e fazer retroagir conquistas sociais.

O estado psíquico anterior à agressão, o “status-quo-ante”, é irreparável, tem caráter de reversão irreparável – e sua pena, se houver que se aplica ao agressor na supremacia da consciência ausente no ato, é o remorso. Como nos ensina Emile Zola, o notável defensor do Direito no “Caso Dreyfus”, na majestosa obra de 1868 - “Therése Raquin”, lição exemplar.

O papel da sociedade organizada é o de impor a coerção – o remorso externo - sobre tais atos, para que não sobrevivam enquanto instituto de ação, na busca da manutenção e evolução do quadro social estável e desejável por todos, os que usufruem dos bens coletivos e denotam sua importância.

Têm lugar, então, as sanções penais e pecuniárias, reparações legais complementares a que cabe ao Judiciário arbitrar, no amplo respeito à moral atingida e a capacidade econômica do agressor. A honra tem valor determinante na capacidade produtiva do empresário, do político, do lojista, do profissional liberal, como uma perna para o futebolista ou o dedo para o pianista, de natureza relevante e fundamental.

Assim, o comportamento de pessoas que reagem com ataques pessoais às correções legais de suas atitudes, quando aplicadas ao coletivo e responsáveis por suas instituições, exige-se claramente advertida e ressarcida: é a sociedade que está em risco, não apenas o ofendido.

AMOR E PLATAFORMA

AMOR E PLATAFORMA
RESUMINDO A ÓPERA. E EXPLICANDO A NOVELA DE AMOR PLATAFORMA X MP
Paulo Matos (*)

A relação do Ministério Público com a Plataforma do Emissário Submarino é de amor. E este é a defesa do patrimônio coletivo e inalienável das pessoas – a praia, como Vicente de Carvalho em 1921 ,- fundamentação da existência do instituto MPF. É o o Ministério Público Federal, um poder separado do da defesa da União em 1988, este de defesa popular. Assim, a recente solicitação de interrupção das obras do parque frutificou do rompimento, por parte da Prefeitura, do acordo que permitiu a instalação do parque no local. Tudo dentro da Lei, se nenhuma “marcação” arbitrária, apenas proteção da paisagem.

Esclareça-se, esse pedido foi motivado pela instalação de OBRAS PERMANENTES como o heliponto, ao invés do ajustado que as determinam TEMPORÁRIAS (desmontáveis, tipo lego). Isto por motivos legais e por a plataforma estar SUB-JUDICE, podendo ser removida a qualquer hora. Isto desde a iniciativa secular do brilhante Dr. Sérgio Sérvulo da Cunha, um eminente jurista, professor, autor de livros que foi vice-prefeito e secretário de Assuntos Jurídicos, ex-chefe de gabinete do Ministro da Justiça.

Sérvulo pediu sua remoção há 30 anos. Aquele entulho causa prejuízos à praia e à hidrologia marinha interrompendo o rumo de correntes marítimas e provocando a desaparição ou a acumulação de areia em locais diversos. Para isto está alerta o MPF – que quer cumprido o contrato que obrigava a retirada. Há uma ação em curso há décadas movida pelo Ministério Público Federal – através do Procurador Federal Antonio Donizzeti Daloia e outros.

Agora, ainda bem que o MPF não julga O ABSURDO - que não se consegue alinhar em um processo - que é o gasto de 8,5 milhões em um parque desmontável e sem outro espaço para acolhê-lo caso seja determinada a remoção da plataforma. Devem esta brincando os que dizem que “custará milhões de dólares” para removê-lo: isto pode ser de graça. E não esqueçam: a praia do Gonzaguinha desapareceu assim, em função de um pontão ligando a Ilha Porchat ao continente. Há dezenas de exemplos no Brasil, saíram até no Jornal Nacional.

Para remover o entulho bastam cinco ou seis tratores. Como os que retiram, na madrugada, por vezes, as toneladas de lama negra trazidas pelo ma em função do retorno do Emissário, cobrindo quase totalmente a areia da praia junto a Canal 1. Mês passado, esta lama no mar chegou quase ao Gonzaga, aniquilando o turismo, exigindo que as verbas do Japão que vem ai façam seu prolongamento, realinhamento e rebaixamento abaixo da linha da praia - como todos os interceptores modernos pelo mundo. Que se faça isso por Santos e suas mágicas praias, que pedem amor, permaneçam intocáveis e glamorosas.

VILA PARISI - um livro e uma história

VILA PARISI
- um livro e uma história

“VILA PARISI, CUBATÃO, A VILA MAIS POLUÍDA DO MUNDO” É UMA PESQUISA HISTÓRICA DO JORNALISTA PAULO MATOS QUE REMONTA AOS FATOS DA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA, DAS ORIGENS DO SÍTIO DE BANANAIS SOBRE O QUAL SE IMPLANTOU UMA VILA. QUE MACIÇAMENTE OCUPADA, SE TORNOU A MAIS POLUIDA DO PLANETA, EXIGINDO UM ÁRDUO TRABALHO POLÍTICO E ADMINISTRATIVO PARA QUE ESTA REALIDADE FOSSE REVERTIDA EM FATOR DE DESENVOLVIMENTO.

O livro descreve o episódio do trágico núcleo cubatense que, então chamado pelo jornalista Randáu Marques, do Jornal da Tarde, de Vale da Morte – à época da explosão do caso na imprensa, em 1980. Surgido em 1956 entre antigos bananais já improdutivos, o núcleo chegou a reunir 25 mil moradores nos anos 80 e teve repercussão mundial, com seus habitantes fixados precariamente em seus 475 metros quadrados de água, lama, sujeira, caramujos...

Com moradores vindos majoritariamente do nordeste, emigrantes em busca dos então nascentes empregos da Cosipa, instalando-se ao lado dela em condições que se degradariam mais no acúmulo populacional que se sucedeu, gerando um dos maiores dramas sociais já vividos em nosso país e em nosso planeta.

Com a vinda dos migrantes, Vila Parisi se tornou o inferno das enchentes, valas fétidas, caramujos da esquistossomose e fossas, sem água, esgoto, pavimentação ou qualquer serviço público – ainda bombardeada pela poluição industrial que se instalou em redor do vale entre montanhas. Foi aprovada no papel - e legalizada pelo Prefeito Luiz Camargo da Fonseca e Silva em 18 de janeiro de 1957.

O antigo bananal de Vila Parisi nasceu com o português de Coimbra Antonio Mendes da Costa, que trabalhou até quase 100 anos plantando e embarcando bananas. E ficou para seu genro, o espanhol de Ponterubias, Província de Pontevedras, Silvestre Perez Esteves, que chegara em 1922 com 24 anos, dividindo o trabalho com o sogro. Ele, depois de muito plantar bananas, venderia a área , em 1956, aos irmãos Celso e Heládio Parisi – que "fizeram" a Vila.

Palco de histórias e disputas dramáticas, em que se envolveram personalidades nacionais e estaduais, Vila Parisi provocou grande movimentação social em Cubatão, na organização popular que rejeitava a tragédia. E foi a partir dela que se buscou a solução dos problemas de poluição da cidade, no momento do início da democratização brasileiro com a eleição, em São Paulo, em 1982, do Governador Franco Montoro.

O livro remonta as origens da área na época da colonização, desde a posse dos jesuítas. Faz o trajeto da industrialização cubatense, narrando o dia a dia dos fatos da tragédia na imprensa. Foram utilizadas como fontes centenas de publicações jornalísticas, livros e teses e o livro faz um mergulho desde a pré-história.

COLISEU, UMA HISTÓRIA SANTISTA DE 80 ANOS, QUE EXIGE RESGATE

COLISEU, UMA HISTÓRIA SANTISTA DE 80 ANOS, QUE EXIGE RESGATE
Paulo Matos (*)

Construído pela Companhia Coliseu Santista e inaugurado em 21 de junho de 1924, o Teatro Coliseu Santista, em restauração há quase uma década, fará nesta data 80 anos. No local, a esquina das ruas Brás Cubas e Amador Bueno, de frente para a Praça José Bonifácio, ao lado da Catedral inaugurada em 1910, foi instalado um velódromo em 1887 e, em 1909, uma construção de madeira - que sediava manifestações políticas e culturais. Nossa Comissão Especial de Vereadores quer legitimar e valorizar esta história.

O Coliseu foi o primeiro teatro da cidade com a modernidade e o conforto que o Guarany, na Praça dos Andradas – inaugurado em oito de dezembro de 1882 -, não oferecia. O local fora ocupado por uma unidade da cavalaria da Força Pública e antes existira, desde 19 de julho de 1997, o primeiro Coliseu Santista, na esquina da Rua General Câmara e Conselheiro Nébias, em vasto terreno de quase cinco mil metros quadrados, da empresa que faliu em 1899.

Em 1909, o empresário carioca Francisco Serrador fez ali um cine-teatro com 800 lugares. O Coliseu atual foi construído pela Companhia Cinematográfica Brasileira, ampliando a antiga construção, na empresa que tinha como associado em Santos o Comendador Manoel Fins Freixo.

O teatro foi inaugurado com a apresentação de um conto lírico que tinha a partitura do Dr. Carlos de Campos, então Presidente do Estado, que esteve presente à inauguração. É o que informa o livro “Memórias do Teatro de Santos, da jornalista Carmelinda Guimarães, editado na gestão do prefeito David Capistrano nos 450 anos da cidade, em 1996.

Com 2.300 lugares, contando o salão de festas e o “foyer”, o Teatro Coliseu Santista tinha 600 poltronas, 225 poltronas de foyer, 27 frisas, 27 camarotes de primeira classe, 25 de segunda classe, 220 balcões, 110 galerias numeradas e 600 gerais. Seus soberbos cortinados tinham sido confeccionados especialmente pela Casa Alemã e que foi considerado uma maravilha da arte arquitetônica.

Construído em estilo neo-clássico eclético, possui também elementos art-decô como escadarias e sanitários, e art-noveau, luminárias, porta e poltronas. Com boa acústica graçs a um espelho d’água sob o palco, um ousado recurso técnico, ampliando a voz dos atores no palco, atuou nele o empresário Ciríaco Gonzalez, que mandou vir mão-de-obra especializada de Portugal e Espanha. O ferro da estrutura veio da Inglaterra, o cimento e o mármore de carrara da Itália e as telhas de Marselha, na França.

O Coliseu começou a perder sua grandeza em 1967 com a demolição de uma parte de sua estrutura, camarins e oficinas, em 1967. Quase virou um shopping em 1977. Virou cinema pornô. Em 31 de julho de 1982, foi objeto de um abaixo-assinado pela sua preservação, enviado ao CONDEPHAAT, no processo de tombamento que então se inicia, concluido em 1989. Foi desapropriado pela prefeita Telma de Souza, que o declara de Utilidade Pública em setembro de 1992, pelo Decreto 1734 - desapropriado pelo prefeito David Capistrano, em 1º de fevereiro de 1993.

A empresa Akio iniciou as obras de recuperação em 15 de agosto de 1996 e demorou 16 anos. Cerca de dezessete milhões de reais foram gastos, segundo anunciou o jornal A Tribuna, na restauração do imponente teatro e, às vésperas de sua prometida, como tantas outras vezes, inauguração, temos o dever de conferir – pois as verbas estaduais, afinal, são do Município e foram arrecadadas aqui. Doações do Banco Real (1998, 1 milhão) e verbas do DADE foram generosas.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O VERDADEIRO HINO DE SANTOS

O VERDADEIRO HINO DE SANTOS
(o que foi, hino do povo que é, sem nunca ter oficialmente sido)

No blog http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com/ você pode ver o item O VERDADEIRO HINO DE SANTOS. É um artigo de Paulo Matos, em que ele traz o texto e o comentário sobre o Hino de Santos que criou em 1998 e que pelas armadilhas do destino não é o Hino Oficial da cidade.

Ele o inscreveu no concurso público, há dez anos atrás, que iria escolher o hino. Um concurso que foi instituído pela Prefeitura, que aceitou inscrições e depois e que foi cancelado - por motivos que agora se revelariam. Foi um Projeto de Lei do atual vereador Manoel Constantino que deu origem ao concurso e, agora, surgem os fatos.
O comentário à época, em que se cancelou o concurso, era de que esta letra teria sido escolhida e houve rejeição do então prefeito, que não tem exatamente relações amistosas com o autor – decidindo-se pela absurda inédita, juridicamente inexistente, da sua medida – uma “abdução” da iniciativa.

Agora, com a opção da compra de um hino – aprovado na sessão da Câmara de ontem, quinta 11 de dezembro de 2008 - um hino que mais se sugere um jingle, belo, mas sem nenhum conteúdo -, o autor cumpre o papel obrigatório de divulgar a letra inscrita junto com a música, cujos originais permanecem com a Prefeitura.

É a seguinte a letra:

SANTOS, CIDADE CARIDADE E LIBERDADE SANTOS, PRAIAS E CAMPOS, NOSSO SONHO VIVE AQUI. PATRIAM CHARITATEM, LIBERTATEM DOCUI. À PÁTRIA ENSINASTE CARIDADE, A LIBERDADE É FRUTO DE TI.
TENS CINCO SÉCULOS DE PLENA PAIXÃO SEREIA. JUNTO À SANTA CASA OFERTAMOS A TEIA, ASA ABERTA AOS POVOS DO MAR.AOS QUE VEM COM PLANOS VIDAS INTEIRAS DE AREIA A CHEGAR,NA PRAIA OU DEFRONTE AOS JERÔNIMOS SEMEIA
TUA HISTÓRIA SÃO MARCOS DE GLÓRIA, DESDE OS TEMPOS DO BACHAREL NA BASE DESTA CAMINHADA GÊMEA NA HISTÓRIA,AQUI SE FEZ MAR, SOL E MEL.QUE POR SER ÍNDIA E HETEREOGÊNEA, GUAIBA, GUAIAÓ, TUA MEMÓRIA, AO COLONIZADOR SE FEZ REVEL.
LIBERTÁRIA DESDE O EXTRATO, AO MUNDO MOSTRASTE O BALÃO. CONQUISTASTE O AR, DE FATO, TE ELEVASTE NO AEROSTATO, COM BARTOLOMEU DE GUSMÃO.PADRE SANTISTA E VOADOR PERSEGUIDO PELA INQUISIÇÃO
O TRATADO DE MADRI SIM, SE FEZ AQUI FOI OBRA DE ALEXANDRE, O IRMÃO DESTE MÁRTIRES E DIPLOMATAS À REVOLUÇÃO VIVESTE QUILOMBOS E PATRÍCIAS TARQUÍNIOS E CONQUISTAS FIZESTE INDEPENDÊNCIA INATAS A REPÚBLICA E ANTES, A ABOLIÇÃO
DOS PIRATAS AOS ENGENHOS, NA LUTA E NO TRABALHO DO ENGUAGUASSÚ AO GUARAPISSUMÃ NA POESIA DE VICENTE DE CARVALHO VIESTE DO OUTEIRO, TE FIZESTE IRMÃ
SANTOS DESDE SEMPRE LIBERTÁRIA, TENS DOIS LADOS, TRABALHO E PRAZER PORTO E PRAIA SÃO FACES, OPERÁRIA DO PRINCÍPIO DA AÇÃO SOLIDÁRIA IGUALDADE É TUA PROPOSTA DE VIVER
ANTES DA LEI ÁUREA LIBERTASTE O CATIVO PELA EMANCIPAÇÃO LUTASTE COM TEU PROLETÁRIO AFIRMASTE EM ATA ESTE PRINCÍPIO ATIVO FOSTE A BARCELONA DO TEU OPERÁRIO LUSO, HISPANO, DISSEMINANDO O PRINCÍPIO SOLIDÁRIO NAVIO ILUMINADO DE PRATA CENTRO LIBERTÁRIO
ANTES DE ISABEL, PROJETASTE SERES VIVOS NATUREZA INATA INTERNACIONAL FIZESTE HERÓIS REDIVIVOS PARA A INDEPENDÊNCIA DESTE BONIFÁCIO ELEMENTO PARA A NAÇÃO VITAL
LIBERTÁRIA
TERRA DOS ANDRADAS E DOS FONTES, TEMERÁRIA MOSTRASTE AO MUNDO TEUS ENCANTOS BIFRONTES ILHA REVOLUCIONÁRIA SEMEANDO TRANSFORMAÇÃO
ILHA PLENA DE ÁGUA, TERRA E LUAR, MARCA LUMINÁRIA PORTA ABERTA AOS POVOS DO MAR OS CANAIS QUE VIERAM TE MOLDAR, TEUS NAVIOS TUA PRAIA, TUA BOLSA, TEU CAFÉ, TERRA SOLIDÁRIA CHEGARAM SIM PARA MOSTRAR DO MESTRE COSME A SATURNINO TUA FÉ -SECULAR
CUBAS TE FEZ ETERNA A NAVEGAR DE TEUS MORROS VIESTE DO MAR A PÉ TEUS HERÓIS FORAM FUNDO, TE FIZERAM PROJETAR A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO MUNDO, A MISSÃO DE DEDICAR
NA CIDADE LIBERTÁRIA, NO PERMANENTE REIVINDICAR A VIDA CORRE EM VERSO, PELOS MAIS BELOS JARDINS DO UNIVERSO FLORES E ÁRVORES, RETORNANDO NO ALÍSIO AR
NO VIGOR DE TEUS GUINDASTES,O PODER DE MULTIPLICAR A FORÇA DAS ARTES, CAPAZES DE IDEALIZAR TEMPOS NOVOS , APONTANDO O LIBERTAR DOS POVOS VINDO DA TERRA E DO AR
TIVESTE A AÇÃO PRISIONEIRA DE UM NAVIO SOBRE O MAR SOBRE TI, A BARBÁRIE SORRATEIRA QUE SOUBESTE REJEITAR TENS AGORA A VIDA INTEIRA LIBERDADE PARA PROPAGAR POIS NÃO HÁ FORÇA A TE EMBOTAR,
QUE TE DOMINE PORTO - PARTEIRA DO AR SEMPRE E SEMPRE, UMA VEZ MAIS SEMPRE, PELO EMANCIPAR
SANTOS DE TODOS OS SANTOS TENS O SOL E O SAL A TE FAZER PLENA UNINDO SUA GENTE EM TEUS RECANTOS, COM AMOR VIGENTE, CIDADE SERENA GENTE CHEGADA DO MAR E DA SERRA DO MUNDO E DA GUERRA GRÁVIDA DO TEU TEMA QUE FAZ SORRIR AOS QUE ADOTAM O TEU LEMA:

PATRIAM CHARITATEM LIBERTATEM DOCUI À PÁTRIA ENSINASTE A CARIDADE A LIBERDADE É FRUTO DE TI
À PÁTRIA ENSINASTE A CARIDADE A LIBERDADE É FRUTO DE TI!