quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

COLISEU, UMA HISTÓRIA SANTISTA DE 80 ANOS, QUE EXIGE RESGATE

COLISEU, UMA HISTÓRIA SANTISTA DE 80 ANOS, QUE EXIGE RESGATE
Paulo Matos (*)

Construído pela Companhia Coliseu Santista e inaugurado em 21 de junho de 1924, o Teatro Coliseu Santista, em restauração há quase uma década, fará nesta data 80 anos. No local, a esquina das ruas Brás Cubas e Amador Bueno, de frente para a Praça José Bonifácio, ao lado da Catedral inaugurada em 1910, foi instalado um velódromo em 1887 e, em 1909, uma construção de madeira - que sediava manifestações políticas e culturais. Nossa Comissão Especial de Vereadores quer legitimar e valorizar esta história.

O Coliseu foi o primeiro teatro da cidade com a modernidade e o conforto que o Guarany, na Praça dos Andradas – inaugurado em oito de dezembro de 1882 -, não oferecia. O local fora ocupado por uma unidade da cavalaria da Força Pública e antes existira, desde 19 de julho de 1997, o primeiro Coliseu Santista, na esquina da Rua General Câmara e Conselheiro Nébias, em vasto terreno de quase cinco mil metros quadrados, da empresa que faliu em 1899.

Em 1909, o empresário carioca Francisco Serrador fez ali um cine-teatro com 800 lugares. O Coliseu atual foi construído pela Companhia Cinematográfica Brasileira, ampliando a antiga construção, na empresa que tinha como associado em Santos o Comendador Manoel Fins Freixo.

O teatro foi inaugurado com a apresentação de um conto lírico que tinha a partitura do Dr. Carlos de Campos, então Presidente do Estado, que esteve presente à inauguração. É o que informa o livro “Memórias do Teatro de Santos, da jornalista Carmelinda Guimarães, editado na gestão do prefeito David Capistrano nos 450 anos da cidade, em 1996.

Com 2.300 lugares, contando o salão de festas e o “foyer”, o Teatro Coliseu Santista tinha 600 poltronas, 225 poltronas de foyer, 27 frisas, 27 camarotes de primeira classe, 25 de segunda classe, 220 balcões, 110 galerias numeradas e 600 gerais. Seus soberbos cortinados tinham sido confeccionados especialmente pela Casa Alemã e que foi considerado uma maravilha da arte arquitetônica.

Construído em estilo neo-clássico eclético, possui também elementos art-decô como escadarias e sanitários, e art-noveau, luminárias, porta e poltronas. Com boa acústica graçs a um espelho d’água sob o palco, um ousado recurso técnico, ampliando a voz dos atores no palco, atuou nele o empresário Ciríaco Gonzalez, que mandou vir mão-de-obra especializada de Portugal e Espanha. O ferro da estrutura veio da Inglaterra, o cimento e o mármore de carrara da Itália e as telhas de Marselha, na França.

O Coliseu começou a perder sua grandeza em 1967 com a demolição de uma parte de sua estrutura, camarins e oficinas, em 1967. Quase virou um shopping em 1977. Virou cinema pornô. Em 31 de julho de 1982, foi objeto de um abaixo-assinado pela sua preservação, enviado ao CONDEPHAAT, no processo de tombamento que então se inicia, concluido em 1989. Foi desapropriado pela prefeita Telma de Souza, que o declara de Utilidade Pública em setembro de 1992, pelo Decreto 1734 - desapropriado pelo prefeito David Capistrano, em 1º de fevereiro de 1993.

A empresa Akio iniciou as obras de recuperação em 15 de agosto de 1996 e demorou 16 anos. Cerca de dezessete milhões de reais foram gastos, segundo anunciou o jornal A Tribuna, na restauração do imponente teatro e, às vésperas de sua prometida, como tantas outras vezes, inauguração, temos o dever de conferir – pois as verbas estaduais, afinal, são do Município e foram arrecadadas aqui. Doações do Banco Real (1998, 1 milhão) e verbas do DADE foram generosas.

Nenhum comentário: