quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

CHAMEM A POLÍCIA, EM DEFESA DA VIDA

CHAMEM A POLÍCIA, EM DEFESA DA VIDA
DENÚNCIA FEITA EM 2002 E PUBLICADA NO JORNAL DA ORLA

Paulo Matos (*)

A eliminação de mais uma frondosa árvore da cidade, iniciada nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira/16, na rua Vahia de Abreu esquina com a Alberto Bacaratt, no Boqueirão, mereceu nossa providência, chamando a Polícia e registrando a ocorrência de crime ambiental. Foi um ato simbólico, vislumbrando efetivos resultados legais, de um cidadão preocupado também com a dengue e com o despejo dos predadores do mosquito - os milhares de pássaros que moravam nas centenas de árvores destruídas.

Foram centenas arrancadas, na Avenida Ana Costa e em toda a cidade, justamente aquelas que não tinham pragas, que dominam 70% das 30 mil árvores de Santos, um terço que está sendo destruído pelas podas criminosas. Mas sobre esta, também saudável, chamamos a Polícia e registramos uma ocorrência. É o início de uma postura, todos devem agir assim, pois é crime ambiental previsto na Lei 9.605, pela qual responderão os responsáveis.

Quem sabe atos como este despertem o Governo Municipal para as leis ambientais e a proteção à vida. Quem sabe ao invés de devastar, passem a respeitar o ar e as pessoas, o ambiente que não lhes pertence e a cidade que usurparam e que é de todos. É mais uma devastação vegetal na cidade, promovida pela Prefeitura - feita de um espécime de grande porte e sem nenhuma praga ou fio envoltório que pedisse sua poda, realizado a um simples pedido do morador que ocupou o imóvel recentemente. É crime ambiental.

O quadro de aquecimento do clima no mundo, no país e especialmente na cidade exige um mínimo de racionalidade nas políticas vegetais. Árvores adultas, com grandes copas, não podem ser simplesmente substituídas, como se fossem números – por maior que sejam os interesses. Levam décadas para alimentar o ar, umedecer, refrescar, sombrear as pessoas, absorver a água.

É preciso contar com técnicos do EMPRAPA para eliminar as pragas e não simplesmente eliminar as árvores. Os vegetais com pragas do Canal 1 levaram mais de década e meia para serem substituídos, paulatinamente. Jamais uma palmeira imperial ou uma muda irá substituir, em seu papel ambiental, uma árvore de copas formadas em 50 anos, como pensam alguns ser possível. É preciso um mínimo de lucidez ou vamos destruir o ambiente como estão destruindo a sociedade.

O Boletim de Ocorrência da Polícia Militar tem a data de 16/5/2002, às 8.54 horas, feito pela RP 06144 (Soldado PM Antonio e Rogério). É a defesa da vida. Encaminharei as providências junto à Comissão de Meio Ambiente da OAB, para fazer cessar esta política vegetal míope que se impõe sobre a cidade. Basta!

(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e quintanista de Direito. É diretor jurídico do Diretório Central dos Estudantes da Unisantos, assessor parlamentar do vereador Ademir Pestana (PPS).

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