O ASILO A CESARE BATTISTI E A HISTÓRIA REVERSA
Paulo Matos (*)
As reações italianas à soberania diplomática brasileira já tiveram momentos semelhantes, só que reversos: foi quando a Itália protestava contra os maltratos e deportações dos seus nacionais, no início do século XX. Agora, querem nortear a diplomacia brasileira, chamando seu embaixador e contestando nossa decisão.
Era quando o Brasil impunha duras condições aos trabalhadores imigrantes, semelhantes às do escravagismo recente e os deportava em massa, provocando protestos da Itália que, inclusive, elegeu deputado um destes, chamado Antonio Vacirca. A Itália chegou a proibir a imigração para o Brasil em face desse tratamento.
É o que consta do livro deste autor, “Santos Libertária!”, Prêmio estadual da Fundação Faria Lima de 1986, o que ilustra eficazmente o episódio da concessão de asilo ao militante comunista Cesare Battisti, cujos prolongamentos estremeceram as relações do Brasil com a nação governada por Berlusconi.
A retomada de fatos pretéritos, ocorridos no início do século passado, deve servir à reflexão desta decisão da diplomacia brasileira. Na época do maior período de imigração de trabalhadores italianos para o Brasil, 3.500 entre 1871 e 1920. Na época, um jornal denominado “A Vanguarda” chega a propor a criação de uma “sociedade protetora de seres humanos”, em resposta a uma carta pedindo-a para os animais de carga.
Em 1891, o jornal O Estado de São Paulo publicava um artigo de Zózimo Barbosa em 20 de fevereiro chamando os imigrantes de “...gente vadia e desordeira”, criticando o sistema de incentivo às imigrações que substituíam a mão-de-obra escrava.Em 1907 foram expulsos do Brasil 132 trabalhadores, sendo 25 italianos, 18 em 1913. Até 1920, 550 trabalhadores foram deportados.
Tempo de castigos físicos e desvio dos salários, os italianos eram majoritários na imigração brasileira e também paulistana, onde ocupavam 61% dos 82% das lideranças imigrantes estrangeiras, em Santos 88% do total. Carestia, doenças, ausência de garantias sociais, torturas e invasões de domicílios eram comuns nessa época, além da violência nas ruas e surras no trabalho até para crianças de oito anos. Os tempos mudaram como os ritos diplomáticos da nação de Mussolini e Berlusconi.
Era quando o Brasil impunha duras condições aos trabalhadores imigrantes, semelhantes às do escravagismo recente e os deportava em massa, provocando protestos da Itália que, inclusive, elegeu deputado um destes, chamado Antonio Vacirca. A Itália chegou a proibir a imigração para o Brasil em face desse tratamento.
É o que consta do livro deste autor, “Santos Libertária!”, Prêmio estadual da Fundação Faria Lima de 1986, o que ilustra eficazmente o episódio da concessão de asilo ao militante comunista Cesare Battisti, cujos prolongamentos estremeceram as relações do Brasil com a nação governada por Berlusconi.
A retomada de fatos pretéritos, ocorridos no início do século passado, deve servir à reflexão desta decisão da diplomacia brasileira. Na época do maior período de imigração de trabalhadores italianos para o Brasil, 3.500 entre 1871 e 1920. Na época, um jornal denominado “A Vanguarda” chega a propor a criação de uma “sociedade protetora de seres humanos”, em resposta a uma carta pedindo-a para os animais de carga.
Em 1891, o jornal O Estado de São Paulo publicava um artigo de Zózimo Barbosa em 20 de fevereiro chamando os imigrantes de “...gente vadia e desordeira”, criticando o sistema de incentivo às imigrações que substituíam a mão-de-obra escrava.Em 1907 foram expulsos do Brasil 132 trabalhadores, sendo 25 italianos, 18 em 1913. Até 1920, 550 trabalhadores foram deportados.
Tempo de castigos físicos e desvio dos salários, os italianos eram majoritários na imigração brasileira e também paulistana, onde ocupavam 61% dos 82% das lideranças imigrantes estrangeiras, em Santos 88% do total. Carestia, doenças, ausência de garantias sociais, torturas e invasões de domicílios eram comuns nessa época, além da violência nas ruas e surras no trabalho até para crianças de oito anos. Os tempos mudaram como os ritos diplomáticos da nação de Mussolini e Berlusconi.
(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito, 1º lugar do concurso estadual da Fundação Faria Lima / CEPAM / Secretaria de Estado do Interior de 1986.