domingo, 27 de setembro de 2009

O HERÓI RIPASARTI

O HERÓI RIPASARTI

Paulo Matos (*)


Santos registra com glória os 88 anos do nascimento de Aldo Ripasarti neste 21 de dezembro. Aldo foi presidente do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, alçado ao cargo depois de sucessivas debandadas dos que ocupavam cargos de direção acima dele, em face da intensa repressão, dispondo-se a enfrentar as forças que queriam impor o silêncio dos brasileiros na questão.


Loquaz e perseverante na pregação revolucionária e na necessidade de transformação econômica da sociedade, fala rápida e incisiva, o filho de Adelino e Maria Aldo Ripasarti foi aprendiz de barbeiro desde os nove anos lá pelas bandas do bairro do Campo Grande. Onde, dizia, ter conhecido meu avô paterno e ter feito sua última barba, morador que era da Rua Duque de Caxias, autodidata, ingressou na Agência Marítima Martinelli aos 17 anos, só saindo para as lutas da Itália, de onde voltou engajado nas lutas sociais.

Nascido a 12 de dezembro de 1921, paulistano de berço, Aldo ia fazer 14 anos quando seu pai Adelino morreu na Itália. Sua mãe Maria era espanhola e foi ao consulado italiano local receber o que tinha direito.


“Diante de um funcionário ríspido e prepotente que tinha atrás de si um retrato do `Dulce´ fascista Benito Mussolini, explodi de ódio sobre aquele que maltratava minha mãe e que naquele momento era a representação do fascismo”, contou ele. Dali em diante esteve na luta contra todas as formas de opressão.


Casado com dona Benedita Santos Ripasarti desde 20 de dezembro de 1960, sua vida foi uma seqüência de lutas contra a opressão, o que lhe custou dezenas de prisões, torturas que narrou, demissões e opressões diversas. Liderança popular, alto, esguio, falante, de olhos azuis, esteve no porto desde 22 de janeiro de 1954, nas vagas de conferente garantidas pelo Governo aos ex-combatentes da FEB na Itália, para onde foi e ganhou uma medalha de heroísmo na luta antifascista, que recebeu em 30 de julho de 1954.


Preso no Carandiru de 1947 a 1950, lhe foi negada a liberdade condicional mesmo sendo um ex-combatente valoroso. A série de apelos feitos em sua defesa, mesmo das mais expressivas personalidades e entidades, não funcionavam. Eram, ao contrário, demonstrações para os verdugos da sua importância social, implicando em denegar sua libertação.

Ele nos “contratou” para escrever sua longa história de participação no movimento social e de defesa do petróleo. Isso ocorreu há cerca de 20 anos, quando gravamos e colhemos dados sobre ele em seu apartamento que ele utilizava para tal, na galeria AD Moreira, na Avenida Floriano Peixoto. O trabalho, interrompido, resultou na coleta de depoimentos que escrevemos e aqui apresentamos. Integrante da direção do Sindicato dos Conferentes por diversas vezes, foi ativo militante das lutas sociais.


Militante ativo das lutas dos trabalhadores do cais foi preso por 92 dias no “Raul Soares” – o navio-prisão que encarcerou e torturou centenas de cidadãos santistas na época do Golpe Militar de 1964, tendo recebido o titulo de Cidadão Santista das mãos do então vereador Fábio Mesquita em 1996, aliás, por indicação deste autor.


Aldo foi presidente do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, alçado ao cargo depois de sucessivas debandadas dos que ocupavam cargos de direção acima dele, em face da intensa repressão, dispondo-se a enfrentar as forças que queriam impor o silêncio dos brasileiros na questão do petróleo.



(*) PAULO MATOS
Jornalista, Historiador pós-graduado e bacharel em Direito
Email: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Blog: http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com
F.13-38771292 – 97014788

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