domingo, 27 de setembro de 2009

Maurice e Paicará – Luiz Garcia Jorge

Maurice e Paicará – Luiz Garcia Jorge

O "amigo em comum" era eu



Fomos varias vezes para filmar um documentário, quem sabe um filme: Rubens Ewald Filho, Maurice Legeard e um fotografo que agora me foge o nome, que tinha um estúdio na Rua: João Pessoa. Com uma câmera filmadora. Segundo Maurice, o roteiro estava em sua cabeça. Foram poucos dias, mais eu presenciei imagens chocantes, homens, mulheres e crianças morando em uma montanha de lixo, assisti até a uma refeição que uma família estava fazendo, moscas e urubus para todos os lados, e um lagarto de estimação amarrado com uma corda, comendo ou tentando comer no prato de uma criança. Cercas de arame farpado separando não me lembro o que, mas dando um aspecto ainda mais deprimente.


Gente muito perto da montanha de lixo, comercializando um porco esquartejado, do que tinham destacado a cabeça, que me lembro eu levantei a altura da minha e pedi a Maurice filmar, enquanto eu pulava segurando ela como se fosse uma mascara. Maurice, claro não deu a mínima importância - porque ele tinha roteiro em sua cabeça. Também não ligou quando eu sugeri fazer um desfile de moda, sobe as tabuas podres que unindo algumas palafitas formavam uma passarela, que terminava em um pequeno cubículo com uma privada onde defecavam em cima de mangue, os moradores das palafitas do entorno. Não me lembro mais quanto e o que foi filmado.


Será que Rubens e o fotografo sabem do destino do filme? Lembro que muitos anos depois, quando eu ainda fazia a decoração do baile do Havaí durante uma festa, num rápido encontro com Rubens me lembrou com certo ar de ironia da historia da filmagem do Paicará.


Na ponderosa um restaurante do Espanhol Demetrio se dava as grandes noitadas, só que fatalmente no decorrer das horas já sobre a influencia de muitas cervejas regadas a conhaque a conversa ia ficando surrealista e muitas vezes agressiva a ponto de uma noite me engalfinhar com ele na porrada, mais logo esquecíamos e ficávamos de novo amigos.


Até que uma noite jantando no Almeida numa pequena mesa um na frente do outro sem mais nem menos começou a me insultar chamando me de vira lata, adjetivo que usava muito, e outras agressões verbais que realmente me ofenderam desta vez revidei com palavras que eu sabia que o machucariam e assim foi, ficamos alguns tempos ( anos ) sem nós falarmos.


Isso até que um amigo em comum me falou que ele estava doente e que deveria me reconciliar, para o que primeiro teria que convencer Maurice a me receber, reatamos nossa amizade a primeira visita que lhe fiz e ai tive a oportunidade de conhecer o Maurice que se escondia de trás de toda essa agressividade e os últimos (muitos)meses o visitei uma ou duas vezes por semana, quando me entregava filmes que tinha selecionado para eu ver , na próxima visita sofria uma sabatina.

Deixou muitas saudades.



Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Twitter: http://twitter.com/jorpaulomatos
Fone 13-38771292 - 97014788

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