terça-feira, 8 de setembro de 2009

NOVO MARCO REGULATÓRIO DO PETRÓLEO, CONQUISTA HISTÓRICA II

NOVO MARCO REGULATÓRIO
DO PETRÓLEO, CONQUISTA HISTÓRICA - II
Paulo Matos (*)



O movimento “O petróleo é nosso” de 1947 formou uma entidade com sedes em todo o país denominada, inicialmente, Centro de Estudos e Defesa do Petróleo e da Economia Nacional, cuja fundação em Santos fez 60 anos em 21 de fevereiro. É desse esforço nasceu a Petrobras e a efetiva exploração do petróleo nacional, na luta de Monteiro Lobato que criou três companhias do ramo e passou a ser obstado pela criação do Conselho Nacional de Petróleo em 1938, que para ele fazia a política da Standard Oil americana.


É que as coisas por aqui andavam devagar: os Estados Unidos iniciaram a exploração do petróleo em 1859 e um ano depois já tinham 174 poços e dezenas de companhias novas. Isso enquanto o Brasil abriu o primeiro poço em 1938 e, escreve Lobato no livro “O escândalo do petróleo e do ferro”, “um ano depois estava com três poços a menos e três companhias feridas de morte pelo Conselho (Nacional de Petróleo, criado neste ano)”.


Foram 89 anos entre o primeiro poço e a criação da Petrobrás, que inicia de fato a exploração do subsolo. Até sua fundação o país importava 93% dos derivados que consumia, apesar dos 52 poços aqui prospectados. Para se ter uma idéia, em novembro de 1860 havia 75 poços de petróleo funcionando em Oil Creek, nos Estados Unidos, quinze meses depois da descoberta em 1859 pela Pensylvânia Rock Oil Company.


Nesta época e por muito tempo o Brasil andava em passos de tartaruga na questão, desprezando seu mel. A marcha para exploração era lenta e restringida. Lá eles saltavam de 450 mil barris em 1860 para três milhões em 1862, com preços se multiplicando dia a dia. Os pioneiros acumulavam imensas fortunas, tempo da Standard Oil e de Jonh David Rockfeller, que controlavam 90% da refinação em 1890.


Aqui, o movimento “O petróleo é nosso” foi integrado por amplos setores sociais, de estudantes e intelectuais ao movimento operário, militares e toda a sociedade civil. Defendia que o Brasil tivesse uma atitude em relação ao seu “ouro negro”, cobiçado pelos Estados Unidos, para quem não era interessante que o Brasil extraísse petróleo de seu subsolo – que iria precisar no futuro.


Assim como o ouro retirado do Brasil pelos portugueses durante a época de colonização serviu à Revolução Industrial e à formação das potências mundiais, o petróleo explorado pelas chamadas “Sete Irmãs”, as grandes empresas petrolíferas mundiais, açambarcavam todo o mundo de 1908 a 1950 – e foram vitais para a construção do poder capitalista.


Em 1951 ocorre a primeira crise mundial do imperialismo na questão, com a nacionalização pelo o primeiro-ministro iraniano, Mosadegh, da British Petroleum. Mas por isso ele seria derrubado em 1953 pela CIA e pelo Serviço Secreto Inglês. Embora derrotada, esta experiência do Irã foi a partida para que se impusessem relações mais justas ou nem tanto na questão do petróleo, na base de meio a meio.


A posição brasileira assumida nesse ano de 1953 com a fundação da Petrobras, o mesmo em que o poder capitalista internacional mostrava sua força no Irã, foi um ato de coragem e ousadia e serviu à construção de uma infra-estrutura que serviu para instalação de novos paradigmas nacionais e internacionais. Esta de 2009 lhe faz reflexo e dá o sentido da retomada popular.


(*) Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
Blog: http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com
 F.13-38771292 – 97014788

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