quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A PRIORIDADE HISTÓRICA DE SÃO VICENTE - RESPOSTA AO JORNALISTA GERALDO NUNES DA RÁDIO ELDORADO

AMIGO GERALDO NUNES, BOM DIA:

Embora não o conheça pessoalmente, haveremos de nos conhecer. Sou seu fã e amigo das viagens históricas dominicais há tempos e "viajei", na acepção do termo, no comentário do programa de domingo sobre a influência francesa no Brasil e seus antecedentes históricos. Período sobre o qual me debruço com avidez - os 30 anos antes de Martim Afonso, que trouxe Braz Cubas - os "fundadores" (!) equívocos de São Vicente e Santos.

É sobre isso que quero contribuir, perante a informação de que São Vicente teria sido mesmo a primeira cidade do país, fundada em 1532 - o que não é real na minha visão histórica.

Na verdade, cabem observações que modificam este conceito, pois algumas das cidades do litoral têm como data de fundação a data real de formação do núcleo e não a fundação oficial.

São Vicente, por exemplo, foi fundada como núcleo civilizatório pelo "Bacharel da Cananéia", Mestre Cosme Fernandes Pessoa, intelectual da maçonaria judaica portuguesa degredado em Cananéia e que veio de lá fundando cidades.

Deixado lá em 1502, em 1506 fundou o Porto de São Vicente no atual bairro da Ponta da Praia em Santos, que constava de mapas internacionais, era o Porto dos Escravos. Escravos índios. Os comerciava, também. Meu livro (prêmio estadual Faria Lima de 1986 "Santos Libertária!) tem até tabela de preços.

Ocorreu que os boatos de dominação francesa que você falou se caracterizavam ainda mais posto que a comunidade do Bacharel, uma das primeiras senão a primeira comunidade produtiva do aís, fabricante de bergantins, barcos.

Essa comunidade era composta de índios (ele inaugurou o "cunhadio", casou-se com a filha do chefe Piquerobi), portugueses (ele) e espanhóis, heterogênea - perigo para Portugal. Combatido pelas tropas de ocupação de Martim Afonso em 1532, deu lugar à Guerra de São Vicente em 1537.

Logo, Martim Afonso, que deixou SV no dia seguinte para assumir as Índias de sabedoria milenar - comandada por pessoas que não tinham sequer o hábito de banhar-se - , deixou aqui sua esposa Ana Pimentel, aliás em Portugal, de onde nos governou.

Ora, o fundador é Martim Afonso ou o Bacharel? O poder ou a sociedade?


Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
Fone 13-38771292 - 97014788

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