terça-feira, 11 de agosto de 2009

1968 - DEPOIMENTO DE PAULO MATOS NO MISS

DEPOIMENTO
1968, o ano que não acabou


NESTA QUINTA-FEIRA SEIS DE AGOSTO DE 2009, O JORNALISTA PAULO MATOS DEU SEU DEPOIMENTO
NO MUSEU DA IMAGEM E DO SOM SOBRE A HISTÓRIA DA RESISTÊNCIA Á DITADURA MILITAR, UM PROJETO DO ARQUIVO NACIONAL, EM QUE ESTEVE INTEGRADO NA JUVENTUDE. INCLUI OS FATOS REPORTADOS EM SEU CONTO “1968 EM FLASH-BACK, UMA AVENTURA NA REBELIÃO DE EROS”

O PROJETO É LEVADO ADIANTE EM SANTOS PELA FUNDAÇÃO ARQUIVO E MEMÓRIA DA PREFEITURA EM PROGRAMA DE MEMÓRIA ORAL. OS FATOS HISTÓRICOS DE 1968, DE QUE MATOS FOI PERSONAGEM, DOMINARAM A PAUTA.

Aos 56 anos, militante estudantil do “ano que não acabou”, 1968, Paulo Matos é Jornalista, Historiador pós-graduado e bacharel em Direito, formado pela Universidade Católica de Santos. Anistiado político, é escritor e nasceu em 1952.

Casado com Adelma é pai de Paula, Pluma e Paulo Matos Jr. Matos foi militante de 1968 no Centro dos Estudantes de Santos, foi aluno da Extensão do Canadá no colégio Cesário Bastos, na Vila Mathias. De onde foi expulso após sua primeira prisão política -, quando ocorreu sua primeira prisão pelo DOPS, a Delegacia de Ordem Política e Social neste ano de 1968.

Em novembro de 1968, quando foi preso pela primeira vez pelo DOPS, ainda não era tempo da “Operação Bandeirantes”, a temível OBAN, nem do DOI-CODI, que torturavam e matavam à larga os adversários do regime militar. Mas em São Paulo o DOPS, sob a direção de Romeu Tuma, fez medo.

Mas existiu o delegado Sérgio Paranhos Fleury, da OBAN – uma força privada paramilitar. Paulo ajudou a reconstruir o Centro dos Estudantes (que havia sido fechado no fim do ano de 1968) em 1980, na chapa “Mobilização Estudantil” – na maior eleição já ocorrida na entidade, com um total de mais de 20 mil votos.

“Paulinho blá-blá-blá”, como lhe apelidou Dojival, candidato à presidência do Cento dos Estudantes pela chapa “Mobilização Estudantil” em 1980, membro dos movimentos de 1968, também participou das eleições do cento dos Estudantes de Santos após sua reconstrução de 1980, de que foi parte. Em 1982, integrou a chapa do MR-8, intitulada “Coração de Estudante”. O MR-8 era um grupo político nacional (comandou o seqüestro do embaixador Burke Elbrick em 1969), que tentou unir com a “Mobilização Estudantil” na reabertura do CES em 1980, sem sucesso – cedendo a vitória ao grupo do PCB “Todo mundo no centro”.

A pauta do Movimento Estudantil era o debate entre estas forças - pela federalização das escolas (Mobilização), que fazia uma grande campanha pelo boicote total às mensalidades, que recolheu mais e seis mil boletos. E pela ajuda do Governo federal às mantenedoras (Todo Mundo), que tinha como presidente Edu Sanovicz.

O jornalista escreveu e escreve crônicas quase diárias em seu blog, está presente no Twitter e no Orkut - com grande e ampla faixa de amigos no e-mail aos que se integra. Também escreve em diversos jornais e revistas. Transporte Coletivo, Sindicalismo, Arquitetura e luta social são os temas principais de seus livros, seus textos marcados pelo aspecto de defesa popular.

Atualmente, Paulo Matos está trabalhando e buscando editor para um texto sobre as autonomias políticas de Santos. “As Autonomias nacionais da Santos libertária” fala das autonomias cassadas em 1930 e 1969, 1937, 1947 e 1969 – antes em 1894.

O livro das Autonomias traz reportagem inédita e crítica sobre a Constituição Municipal santista de 1894 - que foi revogada em 1895, mas que lançou Santos na vanguarda mundial das legislações municipais, o segundo lugar do mundo a conceder o voto feminino.

Promotor da legalidade dos ambulantes de praia e diversos movimentos sociais, na seqüência de seu trabalho histórico e jornalístico, sua opção pelos “de baixo”, os trabalhadores e seus valores, é uma constante. Dos usuários de ônibus aos proletários do cais, assunto pelo qual recebeu prêmio estadual e no que elaborou seus trabalhos de conclusão de curso na formação universitária.

Paulo Matos é autor de livros sobre transporte coletivo urbano - “Transporte coletivo em Santos, história e regeneração”, editado pela Prefeitura de Santos no governo do Prefeito Oswaldo Justo (1984-1988), em 1987.

Matos escreveu também a história do porto e do sindicalismo portuário (“Caixeiro, conferente, tally clerk – uma odisséia em um porto do Atlântico”) - junto com o também jornalista Mauri Alexandrino, editado em 1997 pela Prefeitura de Santos, no último ano da gestão do Prefeito David Capistrano (1993-1996).

Poeta e contista premiado na Universidade com a memória de sua experiência em 1968 (“1968 em flashback/uma aventura na rebelião de Eros”), palestrista, Paulo Matos é autor também de ensaios sobre arquitetura. É autor do texto “Santos/Jurado, a ilha e o novo” -, que mostra o arquiteto e construtor do edifício Verde Mar João Artacho Jurado, editado pela PRODESAN - Prefeitura de Santos, em 1996.

Paulo Matos escreveu a monografia que ganhou o Prêmio Estadual Faria Lima de História em 1986, promovido pelo Governo do Estado (Secretaria do Interior/CEPAM), um trabalho que conta a trajetória do movimento operário livre em Santos desde seu nascimento após a Abolição, fins do século XIX. É o livro que narra o período em que se originaram os sindicatos no Brasil, a partir dos fatos ocorridos em Santos. A cidade foi um dos três principais pólos nacionais do movimento operário à época do sindicalismo livre.

Seu Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo em 1983, denominado “Santos Libertária - imprensa e movimento operário, 1879/1920” foi ampliado e apresentado como sua monografia de pós-graduação em história em 1992 (“Imprensa operária na Santos Libertária – imprensa e história do sindicalismo livre/1879- 1920” ) e é a história do nascente movimento operário anarquista em Santos.

Na sua formação em Direito em 2002, apresentou como Trabalho de Conclusão de Curso a monografia “Catracas, cobradores e direitos sociais”, em que mostra todas as infrações legais praticadas pelos empresários do sistema de transporte coletivo em Santos - de cuja luta participou há 20 anos, como membro da coordenação da Associação dos Usuários, tendo sido vítima da Lei de Segurança Nacional em 1984 por essa militância.

Também como participante dos movimentos de organização popular, foi integrante do Movimento Estudantil e coordenador da luta pela legalidade dos ambulantes de praia, conquistada pela primeira vez no país, em uma luta iniciada em 25 de fevereiro de 1983 com a criação da entidade “Socó Unidade Ambulante de Resistência”, semente do atual Sindicato dos Ambulantes que os organizava - apesar dele não pertencer à categoria.

Este esforço garantiu a legalidade de centenas de “operários do sol” com suas centenas de guarda-sóis de ponta a ponta da praia, o primeiro lugar do país a legalizar e disciplinar este comércio. Esta legalidade foi conquistada em 1986, engajando no trabalho legal cerca de 1.500 trabalhadores após extensa trajetória de luta.

Matos foi membro da coordenação da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo e em 1984 foi preso em manifestação e indiciado na Lei de Segurança Nacional, então o último do país, sendo demitido da CETESB - anistiado político em 1998.
nadá no colégio Cesário Bastos, na Vila Mathias. De onde foi expulso após sua primeira prisão política -, quando ocorreu sua primeira prisão pelo DOPS, a Delegacia de Ordem Política e Social neste ano de 1968.

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