quarta-feira, 22 de julho de 2009

SANTOS-GUARUJÁ, A FALÁCIA DA PONTE DE OURO

SANTOS-GUARUJÁ,
A FALÁCIA DA PONTE DE OURO

Paulo Matos (*)


O anúncio da finalização dos questionamentos sobre a ponte Santos-Guarujá - um dos municípios mais pobres do país e com cruciais índices de favelização e miséria em uma centena de núcleos de moradias precárias -, revela a face dos dirigentes estatais de optar por projetos milionários destinados a poucos, seu desprezo diante da crise social.

Sem viabilidade financeira para ser bancada pela iniciativa privada, pois utilizada apenas em um terço do ano com movimentação que a justifique, a ponte receberá do governo dinheiro que falta para moradias, policlínicas, escolas, restaurantes populares, transporte, hospitais e melhorias no bem-estar das maiorias que amarguram carências básicas e cruciais, de onde decorre a crescente marginalidade.

Tem sido assim em toda nossa história de decisões dos “de cima”, obras escolhidas por interesses diversos, pelos fabricantes da tragédia social. Estes gastos são uma afronta aos interesses populares, com a entrega de verbas públicas a projetos distantes das patentes necessidades da população - e seus responsáveis vão responder por isso.

O verdadeiro debate popular e democrático não foi travado e a decisão da construção é unilateral, usada até agora como factóide pelo imenso sucesso que faz a proposta, apesar de não contribuir em nada para solução da crise de miserabilização que se amplia e consolida caoticamente e morbidamente.

Tudo isso vem para beneficiar turistas ricos que “geram empregos” sazonais e de baixa renda, sem registro, nos restaurantes e butiques de Guarujá longe do Paicará. Para sacramentar o erro, que, entretanto, tem inequívoco apoio popular graças à pregação midiática, será proibida a caminhões e, não duvidem, às bicicletas – na maior travessia de ciclistas do mundo – somando “virtudes”.

A consagração de uma ideologia que festeja uma ponte de três quilômetros com 70 ou 80 metros, que projeta até uma outra ponte e comemora a “beleza” de suas formas arquitetônicas inovadoras amargura e entristece, ao vislumbrarmos os resultados futuros das maneiras pelas quais se decidem as prioridades e anúncios da consolidação da tragédia social. Quem é que vai responder por isso?

(*) Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Blog: http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com
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Um comentário:

Baba Neuci disse...

Achei excelente a sua colocação sobre essa ponte sem utilidade que vai atrapalhar o Porto, criar um grande minhocão, matando de vez tanto o progresso na Ponta da Praia, que começou agora a ter desenvolvimento imobiliário e social com a instalação de grandes condominios,quanto o bairro no entorno da Rua Dr Adhemar de Barros
que vai simplesmente desaparecer em baixo dos quilometros de ponte que serão necessários para descida.E que pedestre, ou ciclista, em sã consciencia vai subir 80m para atravessar essa ponte ? Porque a ponte no Saboó não é interessante para os Governos, se atenderá tambem os caminhões, assim não seriam necessárias duas pontes, como se prevê hoje? O que esta por trás disso?