sábado, 6 de junho de 2009

A SANTOS DO CAFÉ E DO PETRÓLEO - II

A SANTOS DO CAFÉ E DO PETRÓLEO - II
Paulo Matos (*)


Não está distante o sonho de uma cidade e de um país saneados em suas carências sociais, com mais uma explosão de atividades econômicas alternativas a ausência endógena de meios de geração de renda. Depois do café, o petróleo - cuja história desde seus primeiros eventos tem tons fantásticos, como as modificações sociais que trouxe o café e trará o “ouro negro”. No sonho do modelo norueguês de apropriação popular, que devolve 78% para um Fundo de Previdência.

Conta o livro de Lobato que os Estados Unidos descobriram o petróleo 80 anos antes de nós, em 1859. Em 1927 tinham quase um milhão de poços. Em 15 anos, abrimos 65 poços, eles 380 mil. Foram 70 por dia, nós quatro por ano. A aceleração da exploração da notória presença do subsolo petrolífero no Brasil era uma lógica continental, apesar da negação de sua existência pelos técnicos especializados dos Estados Unidos a serviço dos monopólios de Rockfeller e quetais.

Formada há 100 milhões de anos, no período de separação do supercontinente Gondwana criando o continente sul-americano e africano em intenso vulcanismo, todos os campos do país se originaram do material que se depositou e se converteu, com tempo e pressão, em petróleo. Lagos estabeleceram-se nas fendas da crosta, depois o mar penetrou entre as placas formando o que seria o Oceano Atlântico. Os sedimentos orgânicos acumularam-se nos lagos e sobre eles sedimentou-se o sal – é esta sua (breve) história.

São volumes que previstos em 80 bilhões de barris de petróleo e gás podem chegar a 110 bilhões e nos igualar ao Iraque nessa produção – o que é considerado possível pelo diretor da Agência Nacional de Petróleo Haroldo Lima -, reservas que hoje somam 14 bilhões de Barris de Óleo Equivalente (BOE - petróleo e gás).

Segundo o presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, esse potencial ampliará e modernizará a indústria local de equipamentos – para quem a capacidade mundial instalada mundial não atenderá à demanda do pré-sal santista – 112 mil KM2 é a província do pré-sal. No momento em que as descobertas rareiam no mundo, o Brasil – Santos – salta.

Para Santos, sempre um destino – primeiro o café e agora o petróleo. Café que aperfeiçoou seu porto, o maior da AL, na cidade também interconectada pelas vias rodo-ferroviárias e próxima a uma das maiores capitais do hemisfério, aperfeiçoando toda sua estrutura logística. O que será agora, quando ela é sede de uma das maiores bacias do mundo, que pode levar o país aos maiores produtores mundiais de petróleo e gás?

O Brasil se tornou um grande produtor de café. O que trouxe as divisas para o País enriqueceu muita gente e o próprio governo brasileiro, principalmente na região Sul. A própria São Paulo Railway, depois Santos/Jundiaí, uma das primeiras iniciativas ferroviárias no Brasil feitas por seu introdutor, Irineu Evangelista de Souza – o Barão e depois Visconde de Mauá – é o empreendimento que capacitou e equipou esta vocação do porto do café, originário.

Este porto se tornou o maior do mundo na matéria, graças a inauguração em 1867 da SP Railway, o que tornou inexorável o início as obras do cais para ampliação de sua capacidade, em 1889. Foi a Estrada de Ferro do Irineu que congestionou Santos de café e de navios que exigiam um porto organizado, motivo do seu monopólio pela Companhia Docas, com intervenção nos portos locais privados existentes, em um dos empreendimentos de maior taxa mundial de lucro na época, inaugurado em sua primeira fase de 200 metros em 1892.

O café formou mais de 90% das cidades paulistas, da terra vermelha e favorável, mas sua importância para Santos transcende a destes lugares em que fomos os maiores do mundo nos anos 20. Foi aonde chegou no século XIX – 100 anos antes no Brasil. O porto que canalizou em um tronco toda a produção do Estado foi Santos.

O café foi responsável pela própria viabilização da cidade, inóspita geograficamente em nível do mar, na sua origem aquosa e epidêmica devastadora. Foi a moeda que compensou o investimento em tecnologia urbana, na genial concepção do engenheiro Francisco Rodrigues Saturnino de Brito, os canais. Agora, a retomada do ciclo de crescimento com a descoberta de uma das maiores bacias de petróleo do mundo, na sua costa, obriga a reflexão para avanço popular e elevação popular horizontal de seus níveis de vida – como quiseram os militantes do “Petróleo é nosso”.

(*) PAULO MATOS - Jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Fone (13) 97014788

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