sábado, 6 de junho de 2009

A SANTOS DO CAFÉ E DO PETRÓLEO - I

A SANTOS DO CAFÉ E DO PETRÓLEO - I
Paulo Matos (*)

As recentes e constantes novas descobertas de uma super-reserva de petróleo na bacia de Santos reforçam o convite: o Brasil pode entrar no grupo dos sete maiores exportadores mundiais de petróleo e gás e até ser o maior deles. E produzir em 2016 o que produziu em 54 anos de Petrobrás, em uma das maiores bacias do mundo.

Nossa bacia petrolífera pode ser a maior do planeta e contribuirá para fazer nascer uma estatal do petróleo, para que seu resultado sirva ao povo e não à acumulação irracional. Batalhado pelo povo, o petróleo é a senha do avanço social em termos coletivos, se impedidos os golpes que se perpetraram contra os países produtores através da história.

“Petróleo, por um Brasil rico e culto”, escrevia Monteiro Lobato no “Jornal do Petróleo” de 1937, que possuímos os raros originais. Assim como o Visconde de Sabugosa, personagem das histórias infantis que Lobato iniciou após sua prisão por intimar o governo a agir na questão do petróleo, foi o Anjo Gabriel do petróleo que anunciou em 1937 e que chegou em 1939, na cidade de Lobato, na Bahia.

Lobato empregou boa parte da fortuna da família na tarefa de busca petróleo e desenvolvê—lo. Por não ouvi-lo, os EU saíram na frente. Nós, que tivemos saqueados nossos bens nacionais que fincaram a Revolução Industrial e a fortuna dos países sede perdemos a corrida outra vez. E agora?

Os heróis da luta do petróleo ampliaram os horizontes nacionais. Heróis santistas como Dioclécio Santana e Aldo Ripasarti também se contam entre milhares de militantes anônimos e ideológicos da causa do país e de sua gente. Por eles se exige a reversão popular do patrimônio, para que não se perca.

Foi a intrepidez tecnológica e em permanente evolução da Petrobras que nos garantiu o pré-sal - e a mudança da história para o país que a criou, no movimento popular “O Petróleo é nosso”, iniciado em 1947. É uma das maiores empresas do mundo do setor, fundada em 1954 e cujo projeto de criação chegou ao Congresso pelo então presidente Vargas em 1951 – vivendo no vigor da sua maturidade aos 55 anos.

Hoje, este evento popular do pré-sal pode trazer soluções para nossos problemas sociais, educação, saúde, infra-estrutura, meio-ambiente, erradicação da miséria – e Santos ocupa lugar de destaque neste cenário. Devemos somar para incorporação dos royalties ao progresso popular, assim como alterar todo o marco regulatório em função das novas condições de preço e reservas, o único país que não mudou e o que tem os melhores motivos para fazê-lo – na exploração que se exige apressada para aliviar a crise mundial, objetivo do diretor de exploração e produção Guilherme Estrella.

O movimento “O petróleo é nosso” foi integrado por amplos setores sociais, de estudantes e intelectuais ao movimento operário, militares e toda a sociedade civil, em ação organizada pelo Partido Comunista Brasileiro, demonstrativa de sua capacidade de organização e mobilização. Defendia que o Brasil tivesse uma atitude em relação ao seu “ouro negro”, cobiçado pelos Estados Unidos, para quem não era interessante que o Brasil extraísse petróleo de seu subsolo – que iria precisar no futuro, realidade que se revela hoje.

O petróleo transformaria o mundo, pois multiplicaria a força humana. Com ele o mundo chegou ao que é e embora hoje se tenha elementos para duvidar da conveniência de seu uso em face dos prejuízos ambientais que acarreta, impossível descartar seu papel ainda neste momento e por alguns anos. Nesta previsão, trouxemos do Rio de Janeiro para uma explanação sobre este potencial, em março de 2005, o engenheiro da Petrobras Henio Barreto, Assessor da Presidência da estatal.

Hênio era um dos que em 2000 anunciavam esta formação geológica no ingresso do sistema exploratório - isto na luta pela instalação aqui da Unidade de Negócios da Petrobras, hipótese desprezada por alguns, mas que se concretizou. Agora, com a Unidade de Negócios da Petrobras tem o comando local de um expressivo técnico de carreira da Petrobras, que concretiza a meta enunciada e desacreditada - o engenheiro José Luiz Marcusso, filho do petroleiro que saiu e voltou do Marapé na cidade que já produziu heróis na luta do petróleo.

(*) PAULO MATOS - Jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito jornalistapaulomatos@yahoo.com.brBlog: http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.comFone (13) 97014788

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