terça-feira, 30 de junho de 2009

GUARUJÁ, 75 ANOS DE AUTONOMIA

GUARUJÁ, 75 ANOS DE AUTONOMIA
O JUBILEU DE DIAMANTE DA PÉROLA DO ATLÂNTICO

Paulo Matos (*)


A pesquisa histórica não tem dúvidas em apontar a ilha do Guaíbe, que depois se tornaria Santo Amaro, em que fica Guarujá, como o primeiro local em que aportaram os colonizadores portugueses por aqui, em 1502 - mais uma etapa da globalização iniciada pelos árabes, com Maomé no século VII, na expansão islâmica. Era a chegada no que seria o Brasil da chamada expedição denominadora, que trazia o descobridor da América Américo Vespúcio - nos primeiros anos do século XVI. Neste dia 30 de junho, sua Autonomia fez 75 anos. Não é o Jubileu de Pérola da Pérola do Atlântico, mas o Jubileu de Diamante, peculiar: seria o primeiro pólo turístico brasileiro.

Ao chegarem por aqui na expedição de reconhecimento e denominação, os europeus se estabeleceram do outro lado da barra que os índios chamavam Guarapissumã. Barra e mar que pensaram ser um rio e que denominaram “São Vicente”, na atual Ponta da Praia – no mesmo equívoco carioca. E lá fundaram um porto em 1510 com esse nome, dando início ao que seria a capitania vicentina, que era maior do que é hoje o estado de São Paulo. Ao lado, Guarujá, na ilha depois denominada Santo Amaro.

Os europeus, ao chegarem, aportaram na que chamaram “Ilha do Sol” - a atual Praia do Góes, território que seria a donataria do irmão de Martim Afonso Pero Lopes de Souza, na fase seguinte da colonização. Entre altos e baixos no desenvolvimento econômico, a presença de massivas invasões indígenas foi razão para a lenta ocupação, até o século XVIII. Guarujá fortaleceu-se em sua vocação de atrair pessoas em busca do lazer, de todas as partes. A cidade-ilha de Santo Amaro teve um curso um processo de desenvolvimento que fez com que, até o início deste século, estivesse quase desocupada, em estado primitivo.

A criação da Estância Balneária do Guarujá, inaugurando o turismo nacional em 1893, tem seu início na primeira metade do século XIX - quando o casal Chaves vendeu a Miguel Antonio Jorge um sítio denominado Glória. O filho e herdeiro deste proprietário o transferiu, em 1891, à firma Prado, Chaves & Companhia. E o herdeiro deste à família de Vicente de Carvalho – como conta Pedro Luiz Pereira de Souza, em seu livro Meus cinqüenta anos na Companhia Prado Chaves, editado em 1950.

A primeiro de março de 1923 foi instituído o Distrito de Paz em Guarujá, que abrangia todo o território insular. E a 30 de junho de 1926 o governador Carlos de Campos assinava a Lei número 2.184, que desmembrava Guarujá e instituía a sua prefeitura sanitária. Em 1832, Guarujá foi transformado em vila e em fins do século XIX, começou a tornar-se balneário da elite.

Na segunda década do século XX, construiu-se o hotel La Plage, cujo reinado durou até fins da década de 40, 4 anos depois da proibição do jogo no Brasil no governo Dutra. Quando começou a ser desativado, vindo a abrigar os correios, demolido na década de 60. Era o fim de uma era. Em 1931, Guarujá foi integrado ao município de Santos. Um século depois de ser vila, em julho de 1932 o inventor da aviação, Santos Dumont, se suicidaria no Hotel La Plage – inconformado com o uso de seu invento para matar pessoas. O ar salgado de mar aberto não lhe permitiu assistir, calado, as batalhas fratricidas da Revolução Constitucionalista – o MMDC paulista contra a ditadura Vargas.

Foi antes de se reunir a Constituinte brasileira de 1934, democrática exigência arrancada pela Revolução Constitucionalista, o MMDC, que a 30 de junho desse ano o governador paulista, Armando de Salles Oliveira, criou a Estância Balneária de Guarujá - pelo Decreto número 1.525. Era a emancipação administrativa que completa 75 anos.

(*) Paulo Matos, Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
Fone 13-38771292 - 97014788

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