domingo, 12 de abril de 2009

TERREMOTO NA ITÁLIA: AS PRAIAS SUBMERSAS E OS ECOLOGISTAS MALUCOS

TERREMOTO NA ITÁLIA:
AS PRAIAS SUBMERSAS
E OS ECOLOGISTAS MALUCOS
Eco e a invasão do mar no planeta

Paulo Matos (*)

Estamos olhando pela janela e esquecendo o apito da panela de pressão que anuncia explosão. O mundo está vendo o episódio do terremoto da Itália. Antes, o técnico Giampaolo Giuliani, do Laboratório Nacional de Gran Passo, tentou teimosamente avisar a cidade dele, até com carro de som. A trepidação geológica ocorreu a uma hora de L áquila, na madrugada de segunda-feira - cidade fundada no século XIII na região de Roseto de Gli Abruzzi. Giampaolo fez isso há tempos e com seus próprios meios, sendo até processado pela Defesa Civil da Prefeitura local por isso.

O técnico foi acusado de alarmar indevidamente a população do local em que existiu e ficou preservado o castelo em que foi filmada a obra do escritor Humberto Eco, “O nome da Rosa”, em que a manutenção dos segredos da Igreja Católica move a trama e desenha o procedimento. No Dia do Jornalista, que é hoje, sete de abril, lembro-me de uma peça de teatro que passou no antigo Teatro São Pedro, chamada “O inimigo do povo” – há 40 anos.

Na Itália, foram mais de cem mil desabrigados, centenas de mortos, milhares de feridos – casas, igrejas, prédios e monumentos históricos destruídos, pois a áreas é romanesca e renascentista. Mas nesta peça do famoso Ibsen, “O inimigo do povo”, um jornalista, magnificamente interpretado pelo ator Serafim Gonzalez, descobria que a estação de águas estava poluída.

O jornalista seria saudado por isso até a população ser comunicada dos efeitos de descoberta na cidade, que era uma estação de águas. O que seria dos hotéis, restaurantes, centros de consumo? Pobre do ex-grande descobridor, que se tornaria “O inimigo do povo”.

Tudo isso traz à menção uma questão nada fortuita que é a invasão da cidade pelo mar, que estou longe de ser o único a alertar, mas que as autoridades mantém rigorosa postura olímpica ao prever seus desastrosos efeitos mundiais. Aliás, tratar de temas globais em Santos foi sempre problemático, como se não fizéssemos parte do planeta. As pessoas não têm dimensão local.

Países inteiros estão programando sua mudança, pois localizados em ilhas que desaparecerão. Muitos imóveis já se perderam inclusive no Brasil, motivado pelas ressacas que avançam. Aqui, cada uma é pior do que a outra e cada uma que invade com as águas do mar as ruas e as garagens dos prédios a Prefeitura manda colocar mais algumas dezenas de pedras, como o pássaro que faz sua parte levando com o bico um pouco de água ao incêndio da floresta e fazendo sua parte. A figura é bela, mas ineficaz.

Já existem previsões antecipatórias para 20 e 30 anos da catástrofe e que a água chegará até os bairros internos, isto após derrubar os prédios. Mas será mesmo que isso não é coisa destes ecologistas malucos ou mesmo destes jornalistas alarmistas dando voz a pesquisadores que não tem o que fazer? Quem aposta na omissão?


(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito
e-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Blog: http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com

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