O ROUBO NA PETROBRÁS, NEM NOVO E NEM INÉDITO
Paulo Matos
A retirada de computadores com segredos do petróleo descoberto na bacia de Santos, a maior do país, não é um fato novo e nem inédito e suas descrições individuais englobam um enorme e portentoso assalto internacional ao Brasil. José Bach, um “sábio” alemão que descobriu petróleo em Riacho Doce, em 1918, dias antes escrevera uma carta para a polícia do Estado de Alagoas pedindo proteção, morreu afogado logo após.
É o que conta Monteiro Lobato, em histórias nada infantis – ele que em 1937 produziria o “Jornal do Petróleo”. Suas denúncias e afirmações se confirmariam, mas por não terem sido reconhecidas em tempo o Brasil perderia a corrida ao poder mundial assenhoreado pelos produtores maiores do petróleo.
Pinto Martins, que adquiriu os direitos da viúva de José Bach, vai a Londres e NY e viabiliza a exploração, recebe prêmio do Congresso e o epíteto de herói. Manda um telegrama anunciando a assinatura do contrato em três dias e antes disso “suicida-se!” em um quarto de hotel. Edson Carvalho denuncia a ameaça sobre ele em fatos paralelos e o engenheiro italiano Barzaretti, que se dispõe a explorar o petróleo de Mato Grosso no Pantanal que descobrira, é assassinado.
Assim, enquanto os Estados Unidos abriam 380 mil poços, o Brasil perfurava...65! Lá 70 poços por dia, aqui quatro por ano. É que eles não tinham um serviço geológico comprometido como o nosso, explica Lobato capangas no assalto de antanho. Em 1908, a Argentina já produzia 12 mil barris, nenhum por aqui. O Peru iniciara a exploração em 1900, a Colômbia em 1922 e a Venezuela em 1917, anos em que já produziam à larga.
Nessa época, baseados em estudos que garantiam que toda a América do Sul tinha petróleo, mas o Brasil não, mostrava-se o comprometimento de figuras como o Dr. Fleury da Rocha com a Standard Oil de Rockfeller e a Royal Ducht & Shell, que queriam consumidores e não produtores e dominavam bancos, jornais e governos. Era o que Lobato chamava de “interesses ocultos”.
O geólogo Gustav Grossman diz nessa época que o Brasil pode ser o país que tem mais petróleo no mundo, mas o governo diz que não e prende e mata quem disser o contrário. Nosso Ripasarto passo longos anos no Carandiru, presidente da Associação de Defesa do Petróleo em 1947. Atitudes legais e ilegais foram feitas para que o Brasil não tivesse petróleo. Agora conseguiriam interromper o nosso gás roubando os segredos?
Monteiro Lobato, quando escreve sobre o tempo em que o petróleo era “proibido de existir”, na sua expressão, matava-se quem o descobrisse e mesmo quem defendia a campanha “O petróleo é nosso” – como o estivador santista Deoclécio Santana em 1947 – publicou o que era seu depoimento para a comissão do inquérito do petróleo nomeada pela Presidência da República e aberto pelo Ministério da Agricultura.
A empresa petrolífera de Lobato “Companhia Petróleos do Brasil”, fundada em 1932, foi torpedeada por Fleury da Rocha que negava equipamentos, ele que era diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral.
Em seu livro editado em agosto de 1936 intitulado “O escândalo do petróleo e do ferro – depoimentos apresentados à Comissão de Inquérito sobre o petróleo”, Lobato narra os episódios de Otávio Brandão, que escreveu “Canais e lagoas” em 1919 – em que lamenta que o Brasil se esquivasse da missão de explorar o ouro negro em Alagoas e conta dos impedimentos impostos pelos dirigentes do Governo para bloquear a exploração petrolífera.
O livro de Essad Bey “A luta do petróleo”, traduzido por Lobato, elucida a questão elucida a questão e explica a campanha “não há petróleo” ao mesmo tempo em que os trusts adquirem terras não para explorar, mas para não deixar explorar. Em 1938, o Brasil cede 750 mil dólares para explorar petróleo na Bolívia, o mesmo oficial que levou sete anos para oferecer a Oscar Cordeiro uma sondinha de 500 metros. E ele descobrira o poço de Lobato.
Os trusts conseguem juntos aos seus aliados no Governo a “Lei de Minas”, que tranca qualquer exploração no subsolo, ao tempo em que eles adquiriam as terras petrolíferas. Lobato amargura-se pelos 12 anos que sofreu para que o Brasil tivesse petróleo e teria ficado contente com o nome da cidade em que ele surgiu na Bahia em 1939, em um 22 de janeiro: Lobato!
Paulo Matos
A retirada de computadores com segredos do petróleo descoberto na bacia de Santos, a maior do país, não é um fato novo e nem inédito e suas descrições individuais englobam um enorme e portentoso assalto internacional ao Brasil. José Bach, um “sábio” alemão que descobriu petróleo em Riacho Doce, em 1918, dias antes escrevera uma carta para a polícia do Estado de Alagoas pedindo proteção, morreu afogado logo após.
É o que conta Monteiro Lobato, em histórias nada infantis – ele que em 1937 produziria o “Jornal do Petróleo”. Suas denúncias e afirmações se confirmariam, mas por não terem sido reconhecidas em tempo o Brasil perderia a corrida ao poder mundial assenhoreado pelos produtores maiores do petróleo.
Pinto Martins, que adquiriu os direitos da viúva de José Bach, vai a Londres e NY e viabiliza a exploração, recebe prêmio do Congresso e o epíteto de herói. Manda um telegrama anunciando a assinatura do contrato em três dias e antes disso “suicida-se!” em um quarto de hotel. Edson Carvalho denuncia a ameaça sobre ele em fatos paralelos e o engenheiro italiano Barzaretti, que se dispõe a explorar o petróleo de Mato Grosso no Pantanal que descobrira, é assassinado.
Assim, enquanto os Estados Unidos abriam 380 mil poços, o Brasil perfurava...65! Lá 70 poços por dia, aqui quatro por ano. É que eles não tinham um serviço geológico comprometido como o nosso, explica Lobato capangas no assalto de antanho. Em 1908, a Argentina já produzia 12 mil barris, nenhum por aqui. O Peru iniciara a exploração em 1900, a Colômbia em 1922 e a Venezuela em 1917, anos em que já produziam à larga.
Nessa época, baseados em estudos que garantiam que toda a América do Sul tinha petróleo, mas o Brasil não, mostrava-se o comprometimento de figuras como o Dr. Fleury da Rocha com a Standard Oil de Rockfeller e a Royal Ducht & Shell, que queriam consumidores e não produtores e dominavam bancos, jornais e governos. Era o que Lobato chamava de “interesses ocultos”.
O geólogo Gustav Grossman diz nessa época que o Brasil pode ser o país que tem mais petróleo no mundo, mas o governo diz que não e prende e mata quem disser o contrário. Nosso Ripasarto passo longos anos no Carandiru, presidente da Associação de Defesa do Petróleo em 1947. Atitudes legais e ilegais foram feitas para que o Brasil não tivesse petróleo. Agora conseguiriam interromper o nosso gás roubando os segredos?
Monteiro Lobato, quando escreve sobre o tempo em que o petróleo era “proibido de existir”, na sua expressão, matava-se quem o descobrisse e mesmo quem defendia a campanha “O petróleo é nosso” – como o estivador santista Deoclécio Santana em 1947 – publicou o que era seu depoimento para a comissão do inquérito do petróleo nomeada pela Presidência da República e aberto pelo Ministério da Agricultura.
A empresa petrolífera de Lobato “Companhia Petróleos do Brasil”, fundada em 1932, foi torpedeada por Fleury da Rocha que negava equipamentos, ele que era diretor do Departamento Nacional de Produção Mineral.
Em seu livro editado em agosto de 1936 intitulado “O escândalo do petróleo e do ferro – depoimentos apresentados à Comissão de Inquérito sobre o petróleo”, Lobato narra os episódios de Otávio Brandão, que escreveu “Canais e lagoas” em 1919 – em que lamenta que o Brasil se esquivasse da missão de explorar o ouro negro em Alagoas e conta dos impedimentos impostos pelos dirigentes do Governo para bloquear a exploração petrolífera.
O livro de Essad Bey “A luta do petróleo”, traduzido por Lobato, elucida a questão elucida a questão e explica a campanha “não há petróleo” ao mesmo tempo em que os trusts adquirem terras não para explorar, mas para não deixar explorar. Em 1938, o Brasil cede 750 mil dólares para explorar petróleo na Bolívia, o mesmo oficial que levou sete anos para oferecer a Oscar Cordeiro uma sondinha de 500 metros. E ele descobrira o poço de Lobato.
Os trusts conseguem juntos aos seus aliados no Governo a “Lei de Minas”, que tranca qualquer exploração no subsolo, ao tempo em que eles adquiriam as terras petrolíferas. Lobato amargura-se pelos 12 anos que sofreu para que o Brasil tivesse petróleo e teria ficado contente com o nome da cidade em que ele surgiu na Bahia em 1939, em um 22 de janeiro: Lobato!
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