sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

DOPS: PAULO MATOS É PERSONAGEM DE 1968


O MOMENTO E A AÇÃO

Amigos:

A notícia recente do aparecimento de milhares de fichas santistas do DOPS, a antiga Delegacia de Ordem Política e Social da Policia Civil - angelical perto do DOI-CODI e da OBAN -, me lembra que fui preso pelo DOPS em novembro de 1968, há apenas 42 anos. Esta foi minha primeira prisão e fui interrogado (no Palácio da Polícia, segundo andar) pelo delegado Paulo Fernando Furkim de Almeida e pelo escrivão Paulo José de Azevedo Bonavides.

Eu, militante integral do Movimento Estudantil, apesar dos meus 16 anos na época, preso junto com Nilton Thomé, já falecido, no Centro dos Estudantes de Santos, apesar disso fui ameaçado, mas não torturado. Sob a ótica pública uma crueldade e um exagero, mas serviu ao fortalecimento ideológico pessoal.

Essa prisão ocorreu quando dois agentes invadiram o CES na Avenida Ana Costa 308 e encontraram um monte de 28 cartazes depostos nos antigos compartimentos de gás cobertos pelos travesseiros do zelador, o que resultou no processo 169/71, da Primeira Vara, na conclusão de que era "...para fazer bolas de fogo para atirar no governador", pois o interventor Laudo Natel visitava a Sociedade Italiana em frente.

Um cartaz, o aprendido pelo DOPS, dizia "Fora com o fantoche Sodré". Eram de uma passeata que tentamos fazer e que sairia depois de um comício na Praça Mauá, mas esta estava com um PM por metro quadrado carregados de bombas, cassetetes de madeira tamanho família, metralhadoras, máscaras e outras coisas do gênero. Isto fez com que o táxi (os carros combinados desapareceram depois do desfile de “espinhas de peixe que fizeram em frente ao CES às 5,45 h) em que levávamos os cartazes voltasse ao CES e estes fossem guardados.

O jornal A Tribuna publicou a notícia e o processo serviu para que eles fechassem o CES e o entregassem para entidades diversas como universidades e MOBRAL até sua devolução aos estudantes. No evento das fichas do DOPS encontradas revelando antigos militantes de há 42 anos, o evento da prisão neste ano de Paulo Matos traz a oportunidade deste relato.

Militante do Centro dos Estudantes de Santos em 1968, quando estudava na extensão do Colégio Canadá, instalada no Colégio Cesário Bastos, Paulo Matos é Jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito, formado pela Universidade Católica de Santos. Matos jogava junto com a equipe do Grêmio do Colégio Canadá no Boqueirão, o GEVEC, presidido por Daniel Gomes Rodrigues e Hugo Leal - responsável por muitas ações. 

O Centro dos Estudantes foi reaberto em julho desse ano através de uma unidade dos grêmios promovida pelo militante Daniel Ortega, do Martim Afonso, em São Vicente. E era dirigido por uma junta constituída dos estudantes Edmir Elias Albino, Jaime Rodrigues Estrela Jr. (o "Cebola") e Antonio Carlos Paim. "Cebola" é hoje nome da Rodoviária, morto em virtude da tortura.

Assessor de Imprensa e escritor de livros editados e de centenas de crônicas publicadas em jornais e revistas, o último livro de Paulo Matos foi lançado em 2004, no tema da luta antimanicomial, Cujo ato faz duas décadas, intitulado “Anchieta, 15 anos – a quarta revolução mundial da psiquiatria”, no registro do ato que resultaria na Reforma Psiquiátrica brasileira. 

Matos foi militante político e cultural do movimento estudantil e popular desde a puberdade. A diretora era a professora Jandira, uma doce criatura, mas seu professor de história era ninguém menos do que o temido e violento coronel Erasmo Dias. Lá fundou um Grêmio Estudantil, antes de ser expulso pelo militar depois de sua prisão em novembro de 1968, noticiada em A Tribuna, junto com o também militante já desaparecido Nilton Thomé, que relatamos. O militante é autor de livros sobre transporte coletivo urbano, (“Transporte coletivo em Santos, história e regeneração”, editado pela Prefeitura de Santos, no governo do Prefeito Oswaldo Justo, em 1987). 

Escreveu também sobre sindicalismo portuário (“Caixeiro, conferente, Tally Clerk – uma odisséia em um porto do Atlântico”), uma detalhada história da construção sindical escrito junto com o também jornalista Mauri Alexandrino, editado em 1996 pela Prefeitura de Santos, no governo do Prefeito David Capistrano. O escritor ganhou o Prêmio Estadual Faria Lima de História em 1986, promovido pelo Governo do Estado – em um trabalho que conta a trajetória do movimento operário livre em Santos desde seu nascimento após a Abolição, fins do século XIX, intitulado “Santos Libertária”.

“Santos Libertária, imprensa e movimento operário, 1879/1920” havia sido seu Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo, sendo depois ampliado e apresentado como sua monografia de pós-graduação em história em 1992 - depois de ganhar o prêmio estadual Faria Lima de história em 1986, registrando os cem anos da primeira greve geral brasileira em 1891, em uma reportagem inédita do período do sindicalismo livre.

O jornalista é autor também de ensaios sobre arquitetura (“Santos, Jurado - a ilha e o novo”, sobre o arquiteto e construtor do edifício Verde Mar em Santos e de uma dezena de prédios em São Paulo, que o tornaram famoso pelo estilo arquitetônico, João Artacho Jurado), editado pela Prefeitura em 1996.

Até hoje o jornalista busca patrocínio para publicação da obra histórica inédita sobre o período em que se originaram os sindicatos no Brasil. E em que Santos era um dos três principais pólos nacionais, chamada "Barcelona Brasileira". É a primeira obra sobre o tema do sindicalismo livre e sua feição anarquista, que sucumbe nos anos 30 sob o peso da repressão e do sindicalismo oficial.

Formado em Direito em 2002, Matos apresentou como Trabalho de Conclusão de Curso a monografia “Catracas, cobradores e direitos sociais”, em que mostra todas as infrações legais praticadas pelos empresários do sistema de transporte coletivo em Santos - de cuja luta participou há 20 anos, como membro da coordenação da Associação dos Usuários, tendo sido vítima da Lei de Segurança Nacional em 1984.

Como militante estudantil e da organização popular desde 1968, foi o coordenador da legalidade dos ambulantes de praia em Santos e de sua legalização pela primeira vez no país, em uma luta iniciada em 1983 e conquistada em 1986 - que abriu centenas de vagas de trabalho. Membro da coordenação da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo, em 1984, foi preso e indiciado na Lei de Segurança Nacional, então o último do país, anistiado político em 1998.


DOS SAITES MAIS ACESSADOS NO MUNDO
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“Anchieta, 15 anos” e 
“Caixeiro, conferente, tally clerk” estão no saite
 NOVO MILÊNIO

OU NA BIBLIOTECA DIGITAL (LISTA) DAS OBRAS REGIONAIS


ANCHIETA, 15 ANOS (1989-2004)
A quarta Revolução mundial da psiquiatria
O exemplo santista, nacional e mundial, de políticas de Saúde Mental

A HISTÓRIA DA CASA DOS HORRORES 
UM DOCUMENTO DA LUTA ANTIMANICOMIAL

PAULO MATOS
COLABORAÇÃO PAULO MATOS JR.

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 CAIXEIRO, CONFERENTE, TALLY CLERK
Uma odisséia em um porto do Atlântico
PAULO MATOS E MAURI ALEXANDRINO

  
MATOS TEM MARCADO PRESENÇA NA TV S. CECÍLIA E NOS JORNAIS EM ENTREVISTAS RECENTES, TAMBÉM EM DEPOIMENTO AO PROJETO MEMÓRIA ORAL DA FUNDAÇÃO ARQUIVO E MEMÓRIA DA PREFEITURA DE SANTOS

ENTREVISTA DE PAULO MATOS AO JORNAL A TRIBUNA SOBRE A QUESTÃO DO PETRÓLEO - CLIQUE E VEJA -http://jornalsantoshistoriapaulomatos.blogspot.com/2009/09/historiador-diz-que-pre-sal-repete.html
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CLIQUE E VEJA ENTREVISTA DO HISTORIADOR PAULO MATOS NA DEFESA DA VERDADE HISTÓRICA.  DEBATE EM VÍDEO NO PROGRAMA AÇÃO E REAÇÃO DO AUGUSTO CAPODICASA.  http://www.capodicasa.com.br/videos/julho_2009/0016quinta_feira_016_de_julho_09.html

Paulo Matos 
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito 
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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

OS GORILAS INDELÉVEIS DE NUREMBERG


OS GORILAS INDELÉVEIS DE NUREMBERG

Paulo Matos (*)

Confiar a fanáticos a busca da verdade é o mesmo é o mesmo que entregar o galinheiro aos cuidados da raposa”. Foi o que disse o general do Exército Maynard Santa Rosa, em suposta carta postada na Internet, condenando a Comissão da Verdade do Governo Federal, no Programa de Direitos Humanos – como escreve o jornal. 
A proposta é punir torturadores da Ditadura, criminosos comuns. Por que proteger torturadores, general? A busca da verdade é “fanatismo”, mesmo diante da monstruosidade da tortura? 
O brigadeiro Burnier, que queria que o Capitão Sérgio matasse cem mil brasileiros, foi um dos torturadores – diz seu filho.
Escreve Marcelo Rubens Paiva, que teve o pai torturado e assassinado pelos militares, em 1971: “Argentina, Espanha, Portugal, Chile, a anistia a militares envolvidos em crimes contra a humanidade foi revista. 
Há interesse para uma democracia em purificar o passado. 
Por que abrigar torturadores? Por que não colocá-los num banco de réus, um Tribunal de Nuremberg? Por que não limpar a fama da corporação?”. Mas não, ostentam o codinome “gorilas”. Estaria gravado indelevelmente?
Paulo Matos 
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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

DRAGAGEM E ALERTAS

Sr. editor:

DRAGAGEM E ALERTAS

Qual a opinião do novo secretário do Meio Ambiente da cidade sobre a dragagem do porto santista? Reconheçamos que a linguagem econômica de nossos dias veda e impõe o tom de insanidade a qualquer manifestação do gênero. Podem até dizer que ela vai gerar maior capacidade para a recepção de navios, maior movimentação portuária, que será ampliada, mais empregos e progresso e vai por ai. Mas  os efeitos nefastos da movimentação de milhares de toneladas de poluentes permanece - e não serão estudos e pesquisas que se farão durante a execução  da dragagem que modificarão o quadro, que é grave.  

Nem a percepção do desbarrancamento das margens, exigindo constantes operações similares, será motivo de sua não execução, propósito antigo que alcança agora seu objetivo redentor. Mas melhor seria o estudo de redução de impacto dessa movimentação, que vai envenenar peixes, consumidores e arruinar a vida dos pescadores. A opção de não se operar ações do tipo em áreas contaminadas não é nova e já teve exemplos nos Estados Unidos, por exemplo. Seria bom, mapear as doenças que surgirão e as que se desenvolvem pela poluição existente. O máximo de cuidado é pouco diante dos efeitos que provocará. Alerta. 

Paulo Matos 
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FABIÃO, CANAIS E ENCHENTES - A cidade-água


FABIÃO, CANAIS E ENCHENTES
A cidade-água

Paulo Matos (*)

Como advogamos desde os primeiros movimentos ecológicos há algumas décadas, vislumbramos na capacidade de diálogo democrático do novo secretário, com técnicos e sociedade, as soluções ambientais. Entre elas, com destaque, para a questão dos canais e das enchentes - que não sejam a de nos acostumarmos com elas.

O aumento das precipitações pluviométricas, como se assiste no país, ameaça. São necessárias ações para reduzi-lo ou pereceremos. Quem sabe estes não incluam o surgimento de áreas verdes junto aos canais, como originalmente? E nas calçadas? Por que não usar concreto em vez de asfalto? Ou paralelepípedos?  Por eles, os canais, deixamos de ser uma cidade doente em fins do século XIX (o “Porto de Morte”) para ser a melhor cidade do país.

Uma das mais importantes questões ambientais a serem enfrentadas pelo vereador do PSB, agora secretário, se refere à vocação natural e geográfica que a “a cidade-água” tem em relação às enchentes. Não bastará apenas limpar bueiros e utilizar as comportas para impedir que as águas poluídas cheguem ao oceano, pois a abertura dos canais quando estão cheios força esta contaminação e isto é inevitável.

O aumento do volume de água pela impermeabilização do cimento e do asfalto, assim como a ampliação das construções para os antigos quintais e espaços verticais, fez os canais poluidores do mar: ao invés de separadores absolutos para águas pluviais,não esgotos, tornaram-se mistos também pela lixiviação e esgotos clandestinos. Dizem que vão acabar com eles, como há 30 anos. Esperamos.

O tratamento biológico dos canais com água do mar foi esquecido, mas atendem-se de imediato os pedidos populares (e pouco técnicos) para abrir as comportas nas cheias. Irracional é a idéia de tapar os canais para gerar vagas de estacionamento. Eles em breve se esgotariam ocasionando problemas de morte da fauna (os lebistes catarinenses) e da flora e o entupimento/apodrecimento/assoreamento dos mesmos.

É preciso corrigir a operação das comportas, que se exigem abertas ou fechadas de acordo com as marés para guardar água e não apenas para impedir sua chegada ao mar. O espaço original santista era pantanoso – e a ocupação humana produzindo detritos foi o que gerou o empoçamento e as epidemias que levaram metade da população de 1889 a 1891, época da dragagem do cais que também contribuiu no reforço alimentar da mosquitada.

O ressecamento do solo pelos canais com o rebaixamento do lençol d’água fez destes o depósito natural com capacidade superior a um milhão de litros, neles reservados nos momentos em que coincidem marés altas e chuvas intensas. A operação DAS COMPORTAS se exige, nestes momentos, criteriosa, sua recuperação paralisada.

Nosso pedido de tombamento dos canais, respeitando a formulação de Saturnino de Brito, em 1991, através de nossa entidade AMA-Ação Mar Aberto, junto com o arquiteto José Carlos Lodovici e ambientalistas como Nelson Rodrigues e Madelu Lopes, foi atendido de imediato tão logo ameaçaram cobri-los. Apesar do agravamento das condições construtivas e habitacionais multiplicadas, não devemos sair muito delas. Livres e abertos, os canais vieram para ficar e guardar as enchentes.

Paulo Matos 
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