domingo, 25 de abril de 2010

O RADICAL HUMANITÁRIO - ANISTIA VI

O RADICAL HUMANITÁRIO

(*) PAULO MATOS

Santos contra o terror: o medo do mundo hoje é global, causado pela prática do terror dos atos e atentados, agora que atingiram o centro das atenções. Existem há muito os massacres, bombardeios e genocídios implacáveis, praticados por obra dos países ou de terroristas contra os adversários, destruindo vidas e sonhos. Marcando a sociedade com suas lembranças, permanecendo como sombras por toda a vida e além. Mas a lembrança daqueles que souberam evitar o sofrimento de muitos exige ser reconhecidos.

Os que deram sua vida para impedir estas ocorrências devem ser mais do que saudados e lembrados, consagrados, registrados e dignificados em nossos tempos como exemplos. E neste Dia da Aeronáutica, é preciso homenagear o Capitão Sérgio Miranda Ribeiro de Carvalho – que deu  seu sacrifício para que não se invertesse sua trajetória de salvar vidas.

Foi em junho de 1968 que ele disse não ao Brigadeiro João Paulo Burnier, seu superior no Ministério da Aeronáutica, recusando-se a ser carrasco. Foi herói, como João Cândido, o “Almirante Negro”, foi para a Marinha, quem acabou com os castigos físicos impostos aos marinheiros. “Caquinho”, nosso herói, foi cassado pelo Ato Institucional número 5.

Fundador e comandante do Pára-sar, sistema de salvamento na selva da Aeronáutica, de que era oficial, Sérgio foi chamado para uma missão de terror: a de lançar bombas sobre a população civil,  provocando a comoção social e o estado-de-sítio. Para que o governo da Ditadura Militar pudesse se livrar de alguns políticos, entre eles  Juscelino Kubischek, Don Helder Câmara, Carlos Lacerda e outros, cujas vozes incomodavam os ditadores. Seriam lançados ao mar de um avião, para os qe pensavam assim livrar-se da oposição. Mas o projeto não pôde ser levado adiante, porque o capitão Sérgio disse Não. Quantos ousariam negar a hierarquia militar para fazer esta opção ?

Por isso ele foi preso, cassado e perseguido pelo resto da vida, impedido de trabalhar no auge da carreira, aos 37 anos. Vendeu livros e lutou para resgatar a verdade. Teve ao seu lado a solidariedade de homens célebres como o Brigadeiro Eduardo Gomes, foi personagem de filme do cineasta francês Olivier Horn, Cidadão Honorário do Rio de Janeiro e escreveu um livro – “O homem que disse não”. Ele nunca aceitou o perdão, pois que não havia o porque,  em sua opção divina, que salvara vidas.

Morreu no dia 5 de fevereiro de 1994 este herói, aos 63 anos,  sem sua reintegração ao posto de brigadeiro, determinada pelo Supremo Tribunal Federal, fosse cumprida. O que só ocorreria após sua morte – apesar da ordem do Presidente Itamar Franco para a Advocacia Geral da União  contestar a promoção. Tudo teria sido mais fácil para ele, mas Sérgio disse não. Sua missão e aprendizado, seu exercício e atividade, era salvar vidas, a função do pára-sar que fundara. Não matar. Para onde teria ido o país se não existisse este personagem? Quem conhece a história sabe o que fez Hitler e o que causou ao mundo. São processos idênticos.

Há um mínimo de dignidade que o homem não pode trocar, diria Dias Gomes, nem mesmo em troca da liberdade, nem mesmo em troca do sol. Homens como Capitão Sérgio fazem nossos exemplos. A ele devemos homenagem e perpetuação.


SANTOS CONTRA O TERROR
“Há um mínimo de dignidade que o homem não pode trocar, nem mesmo em troca da liberdade, nem mesmo em troca do sol” (Dias Gomes)
NOSSA HOMENAGEM AO CAPITÃO SÉRGIO MIRANDA RIBEIRO DE CARVALHO ( IN MEMORIAM), QUE OBEDECEU AOS PRINCÍPIOS HUMANOS E RESISTIU, OUSANDO DIZER NÃO AOS SEUS INFRATORES.

Paulo Matos 
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito 
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br

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