domingo, 27 de dezembro de 2009

TENHO MEDO - Política ambiental, aquecimento global e invasão do mar

TENHO MEDO

Política ambiental, aquecimento global e invasão do mar

Paulo Matos (*)

Tenho medo das políticas ambientalmente erradas nas áreas urbanas em que mora 80% do mundo e em que o mar avança nos litorais. Em um momento de despertar para os alertas ambientais que fazemos há 30 anos, tenho medo de uma cidade de árvores devastadas pelas pragas. Aqui, a regra é a poda e a retirada, substituídas por jovens espécimes juvenis e frágeis, vegetais cercados de concreto sem poder respirar.

Medo dos maus tratos à vegetação que protege dos ventos cada vez mais fortes gerados pelo aquecimento global, umidifica o ar, reduz poluição, absorve água, calor e barulho, gera sombreamento dos raios de sol agravados pelo o buraco na camada de ozônio. Tenho medo do transporte coletivo ruim e que só busca o lucro financeiro, gerando transporte individual cada vez mais caótico, desperdício poluindo o ar e os espaços. Nossa política é na contramão do bem-estar.

Tenho medo da coleta de lixo limpo deficiente ou inexistente, do desperdício de materiais recicláveis mesclados, 2/3 de lixo bom estragado com 1/3 de lixo também aproveitável. Tenho medo do asfaltamento e da impermeabilização irracional e do aquecimento do clima pelo sol e pelo cimento e asfalto. Medo da dragagem do canal do porto, que levantará milhões de toneladas cúbicas de veneno, matando pessoas e reduzindo a pesca.

Tenho medo da política equivocada dos canais e comportas, que enchem o mar de lixo e poluentes lançados ao mar desnecessariamente. Tenho medo da falta de infra-estrutura que só cresce privatizada, das enchentes, do caos urbano. Medo dos carros, caminhões e ônibus poluentes – cadê os trólebus contratados em Santos? -, sem que os elétricos se apresentem em função dos interesses privados ou do lobby capitalista do petróleo.

Tenho medo da falta de políticas e campanhas ambientais, das omissões em tempos de emergência. Tenho medo das ilhas de calor urbano, da falta de atitudes, do presente e do futuro. Tenho medo das políticas arquitetônicas equivocadas, do não aproveitamento das áreas urbanizadas para moradias populares causando a multiplicação dos deslocamentos necessários. Tenho medo da irracionalidade dos administradores e da ausência de soluções interdisciplinares. Tenho medo: precisávamos ter tomado o poder – ou desfazê-lo. Agora não dá mais. Outros virão e farã

(*) Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Twitter: http://twitter.com/jorpaulomatos
Fone 13-38771292 - 97014788

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