terça-feira, 24 de novembro de 2009

GAZA E PARISI

GAZA E PARISI


Paulo Matos (*)

Os israelenses apreenderam com os teratogenicos de Cubatão, cuja poluição maior do mundo, descrita em meu livro inédito "A tragédia de Vila Parisi", incluia este tal de fósforo branco, ocasionando as mal-formações congênitas. Era também uma guerra interna, só que de classe, igualmente na dispua de área cobiçada pelas empresas. Era a área de Vila Parisi, um antigo sítio de bananais, loteado em 1956 pelos irmãos Celso e Eládio Parisi - onde chegaram a morar 15 mil pessoas, que vieram do nordeste atrás dos empregos da COSIPA ao lado. Foi extinta em 1992. E Gaza, quando?

(*) Paulo Matos - Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Twitter: http://twitter.com/jorpaulomatos
Fone 13-38771292 - 97014788


Gaza: um campo de lento extermínio?


Thabet el Masri é diretor da unidade de terapia intensiva do Hospital Shifa, um hospital público da Faixa de Gaza. Em junho deste ano, começou a ficar preocupado com o aumento do número de bebês nascidos com malformações.

Por Silvia Cattori

Entrevistado pela jornalista italiana Silvia Cattori, falou sobre o aumento do número de crianças nascidas com malformações na região, cuja causa deve-se ao bloqueio israelense e às repetidas destruições da infra-estrutura palestina na região pelos israelenses com o uso, inclusive, de armas com fósforo branco..

Leia abaixo a entrevista do médico palestino, reproduzida do site Informação Alternativa:

Estamos interessados em conhecer o resultado do estudo realizado sobre este inquietante fenômeno e queremos saber qual a sua avaliação médica. Pode dar-nos informação sobre o relatório de anomalias congênitas pré-natais e pós-natais constatadas passados dez meses dos ataques sobre Gaza, em termos de número de casos ocorridos e em comparação com os dados de 2008?

Sim, pois eu segui, de forma contínua, o fenômeno do nascimento de bebês com malformação congênita. Registei o número de bebês nascidos com malformações congênitas em julho, em agosto e em setembro de 2009. Comparei estes dados com os números dos mesmos meses do ano de 2008. Eis os resultados: em julho de 2009, houve no Hospital Shifa 15 casos desse tipo, contra 10 em 2008; em agosto de 2009, houve 20 casos, contra 10 em 2008; em setembro de 2009, 15 bebês nasceram malformados, contra 11 em 2008. O número médio de nascimentos no Hospital Shifa é cerca de 1100 por mês [1].

– Conhecido o relatório, causou muita emoção e inquietude. Imediatamente, muita gente atribuiu o aumento de malformações nos fetos abortados e nos recém-nascidos à utilização, pelo exército israelense, de obuses de fósforo branco. Será assim?

Supomos que sim, mas não podemos confirmar que a utilização de armas químicas por Israel causou este aumento de malformações congênitas.

– Os bebês atingidos por malformações congênitas são todos originários de populações vivendo em campos de refugiados, populações particularmente submetidas a bombardeamentos israelenses? De que zonas são as mães?

Os bebês portadores de malformações congênitas vêm de todo o lado da Faixa de Gaza. Todavia, metade das mulheres que deram à luz bebês com malformações são originárias do campo de refugiados de Jabaliya.

– Na atual situação, que pode fazer para sossegar as mulheres grávidas que estão neste momento muito ansiosas?

Efetivamente, nada. Não há nada que possamos fazer para garantir que os seus bebês serão normais. Como poderíamos nós impedir a presença de substâncias químicas que podem causar defeitos de nascença?

– Há em Gaza embriologistas capacitados para fazer testes genéticos?

Infelizmente, não estamos equipados para fazer testes genéticos para saber se as anomalias congênitas são devidas a fatores genéticos ou a substâncias químicas. No fim de contas, trata-se de um problema genético e as substâncias químicas podem muito bem ser responsáveis por estas mutações.

– Que é feito dos investigadores internacionais que em 2006 recolheram amostras para serem testadas em laboratórios europeus? Houve resultados?

Esse é um grande problema! Se os fatores químicos são responsáveis, isso é muito difícil de provar. Como provar que são os produtos químicos que estão na origem das mutações? Como provar que os israelenses utilizaram substâncias interditas?

– Compreendemos que, enquanto médico, o doutor esteja muito preocupado e que, na atual situação desesperada, tenha necessidade de uma ajuda internacional…

Sim. Gostaria de sugerir algo que pudesse ajudar-nos, sem esgotar os nossos limitados recursos financeiros no domínio da pesquisa genética, que precisa de verbas avultadas. Dito de uma forma directa: seria extremamente útil convencer os israelenses a não voltarem a usar armas químicas como fizeram no Inverno passado.

– Que tipos de patologias tem observado nos bebês nascidos este Verão? Pode dar-nos exemplos de defeitos de nascença que constatou nesses bebês?

Verificamos problemas do sistema nervoso central, hidrocefalia e anencefalia, e ainda outro tipo de malformações como cardiopatias congênitas e obstruções do tubo digestivo. Os problemas renais são muito frequentes. As malformações visíveis são raras; os problemas são geralmente internos. Está a ver que problemas temos pela frente! As mães ficam sem defesa, nós nem temos resposta para as suas inquietações. Elas sabem que estamos sós nesta situação. Só lhes resta rezar!

– Não tem contatos com o exterior?

Não temos absolutamente nenhum contato com o exterior. Dei-lhe uma visão geral do problema principal. Como lhe disse, há uma probabilidade de que as substâncias químicas possam ser uma das causas da tendência de aumento de defeitos de nascença, pois estes aumentaram desde o assalto bélico de dezembro e janeiro passados. Contudo, esta conclusão é impossível de provar.

– Muito obrigada.

Tradução da versão francesa retirada de Todos por Gaza
A versão original, em inglês, encontra-se aqui.

[1] Em Julho de 2006, num artigo sobre as consequências da ofensiva israelense de junho de 2006 que atingiu a principal central de energia de Gaza, que alimenta a maioria da Faixa de Gaza, incluindo o fornecimento de energia aos hospitais de Gaza, ao aparato de abastecimento de água e de tratamento de esgotos, o doutor Thabet El Masri tinha enfatizado o impacto de uma potencial falha de energia no hospital:

"O doutor Thabet al-Masri, o chefe da unidade do hospital para bebês prematuros, explicou que há 33 bebês que exigem incubadoras para fornecer o equilíbrio muito sensível de humidade, temperatura e oxigénio essencial para o seu desenvolvimento. Normalmente, observou, o número de nascimentos prematuros é de 50-60%, mas talvez como resultado de ansiedade por causa do cerco de Israel, atualmente o número está próximo de 70%. Al-Masri enfatizou que a natureza do trabalho dentro da seção “premiê” é tal que não há meias-soluções. As vidas destes bebês estão dependentes do constante fluxo de eletricidade."

Fonte: Informação Alternativa

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