terça-feira, 8 de setembro de 2009

INDEPENDÊNCIA, O RETRATO DO PETRÓLEO NO BRASIL – II

INDEPENDÊNCIA, O RETRATO DO PETRÓLEO NO BRASIL – II
- sem reformular a República não tem jeito

(*) Paulo Matos
7-9-2009

A República aqui, na tradição da Independência, na verdade não tem nada a ver com a francesa frutificada da Revolução de 1789. Ela afirmou-se nos mesmos acordos do Império, como a Independência. Nascemos atrelados e seguimos a toada, sem rompimento.

A República era sim produto da rebeldia dos poderosos com o Imperador. Sua origem era divorciada de qualquer sentido progressista e libertário ocorreu em um mero golpe militar, sem nenhum compromisso com as transformações sociais. A guerra da Independência nos Estados Unidos foi real e renhida, aqui apenas resistências de uns poucos portugueses aquartelados.

A clausula secreta do acordo de Independência era a do pagamento de indenização de dois milhões de libras a Portugal, assumindo uma dívida deste país com a Inglaterra de empréstimo – pasmem - para a mesma Guerra, início do nosso endividamento que levou mais de um século para ser paga. Nosso primeiro passo foi de submissão.

A Independência foi uma idéia construída nas salas da maçonaria que, sabe-se, tinha também internamente estas duas visões – monarquistas absolutistas e constitucionalistas. Existiam os “republicanos legítimos” e os “faz de conta”, que venceram. Eles reagiam com a República ao ataques do Imperador às instituições militares.

O Império foi condenado também por ter abolido a escravatura e a República não se fez na meta do avanço político e social. Em todos os episódios, incluindo 1930, logo foi feito um rearranjo institucional com as classes anteriormente dominantes.

D. Pedro I, fraco, prefere desterrar o principal aliado (José Bonifácio) do que ceder aos seus impulsos republicanos da Maçonaria idem e contrariar os barões. O mesmo D. Pedro I, que tinha baixado porrete na Constituinte de 1824, faz voar o aliado – claro, obedecendo aos constituintes poderosos da mandioca e seu poder. Tanto que irá, quando da renúncia deixando o Reino para seu filho em 1831, indo ser rei em Portugal, chamá-lo de volta para ser o tutor e ocupar o seu lugar, no reconhecimento do erro.

O episódio dos Andradas curvando-se ao canhão na promulgação pelo Imperador da Constituição de 1824, ao invés de se curvar ao imperador presente - razão alegada de sua deportação. Era o reconhecimento da rota equivocada no transcurso que operou neste processo que impuseram a manutenção do poder vertical.

Os “aventureiros” a que se referia D. João quando prevendo a Independência disse “antes tu, Pedro, do que um aventureiro qualquer” eram senão os revolucionários da América como Marti e Bolívar. Estes países optaram pelas independências com república e rompimento com as tradições de atraso e opressão, na senha francesa de Rousseau e Montesquieu.

O Brasil fugiu desse processo e foi para o freezer dos poderosos, conservando suas fórmulas como esta que dá um caráter meramente financeiro à questão agrícola. Por ter essa origem, nosso processo político é o que é. E ponto. Sem reformular esta República não tem jeito.

Paulo Matos
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Twitter: http://twitter.com/jorpaulomatos
Fone 13-38771292 - 97014788

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