ENCRUZILHADA: MUDAR A HISTÓRIA?
Paulo Matos (*)
Equivocam-se os que julgam que o questionamento da legitimidade da votação da proposta de mudança de nome do bairro Encruzilhada o seja apenas documental. Se verdadeira quanto aos nomes apostos entre os que assinaram a opção.
É pública e antiga a tradição do nome de João Otávio e de suas posses, menos que o destino diverso ao seu testamento dado ao Escolástica que construiu e Julio Conceição inaugurou em 1907 - mas esta é outra história, que não pode esquecer a encruzilhada entre o “Caminho Velho” e o “Caminho Novo” – origem do nome.
Desconhecem estas pessoas, por exemplo, a existência de leis que disciplinam o assunto, assim como desconhecem a história. A se seguir nesta toada vamos tirar as barbas e bigodes de nossos personagens históricos, de Brás Cubas a Martim Afonso.
Desconhecem, também, que a mudança do nome de um logradouro exige um abaixo-assinado de parcelas representativas de seus moradores – até mesmo de uma rua ou praça -, de acordo com a Lei Complementar 390 / 2000, de 18/05/2000 que regulamentam os Incisos V e VII do Artigo 20 da Lei Orgânica do Município.
É falaciosa a tentativa vã de alterar o nome do histórico bairro da Encruzilhada, assim chamado desde meados do século XIX, na falácia da associação do nome com religiões ligadas as origens escravocratas que nossa sociedade manteve e que tenta esconder.
As origens do repúdio ao nome tradicional - adotado como oficial a partir de 1968 com o Novo Plano Diretor, no mandato do prefeito Silvio Fernandes Lopes -, remontam ao conflito religioso como o que ocorre na Bahia, em Salvador. Lá, sempre que há mortes de peixes no Dique do Tororó querem atribuir o fato às estátuas de matiz africano presentes no local, do escultor Tati Moreno.
Se lembrarmos que foi uma disputa religiosa que causou o genocídio judaico, originada na disputa entre católicos e judeus pelo predomínio da fé desde a época de seu surgimento, ficaremos mais alertas a este tipo de perseguição. A Encruzilhada dos antigos campos do XV de Novembro e do Praia, onde está o Conjunto Residencial Ana Costa, das praças Almirante Tamandaré e Champagnat vai seguir assim.
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