sábado, 6 de junho de 2009

A POLÊMICA DA EXTINÇÃO DOS BONDES


A POLÊMICA DA EXTINÇÃO DOS BONDES
Oswaldo Justo, o prefeito da Autonomia
Paulo Matos (*)


Falar de Santos é falar também do ex-prefeito Oswaldo Justo, que, registramos, completaram-se 55 anos de entrada em definitivo na vida pública, como vereador, em 1954. Porque antes ele já assumira transitoriamente o cargo, em 1952, isto há mais de 57 anos - que são se serviços à cidade,

Esta história se afirmou no mandato de Prefeito da Autonomia, 1984-1989, o primeiro após o período de intervenção entre 69 – 84 - quando a cidade foi impedida de eleger seu prefeito. Isto após Justo ser candidato a vice-prefeito do eterno Esmeraldo Tarquínio histórico, eleito no libertário ano de 1968 e cassado pela Ditadura Militar em 1969.

Na defesa e construção de um sistema de transporte coletivo eficiente, há quase quatro décadas o ex-prefeito de Santos já defendia o transporte elétrico – bondes - e suas vantagens econômicas e ambientais sobre o diesel poluidor e antieconômico dos ônibus diesel – cujo lobby do petróleo e da borracha fez vencer este modal nos países dependentes.

Na época, Justo provava que 70% dos prejuízos da então SMTC – Serviço Municipal de Transporte Coletivo - vinham dos ônibus, mas destruídos seriam os bondes, a partir de 1971, na mesma “modernidade” que hoje retira os cobradores e degrada o transporte popular.

Há 17 anos, quando foi Prefeito, Justo decretou o fim dos “chiqueirinhos”, que agora retornam piores, desempregando. Justo enfrentou, em plena Ditadura Militar, nada menos que um general; hoje, enfrentamos poderosas corporações e interesses. São histórias que permanecem e que refletem a história da caminhada dos direitos populares.

Vereador a partir de 1954, líder do PTN, do PSP e em 1968 do MDB e de toda a oposição, o homem que adotaria a alimentação macrobiótica, o caratê e a medicina natural como regras de vida, antes delas ousou convocar para depor na Câmara o superintendente da então autarquia do transporte coletivo, o SMTC - Serviço Municipal de Transporte Coletivo, General Aldévio Barbosa de Lemos.

Para se ter uma idéia da diiculdade de se realizar o evento, Justo levou nada menos que 450 dias ou 14 meses para efetivá-lo, da apresentação do Requerimento 1.237, em 23/8/1966, até o encontro, em 14/11/1967. Período em que Justo insistiu no debate, apesar de ameaçado de ter levantada sua ficha no DOPS, a polícia política da época, terror coletivo nestes tempos difíceis - entre manchetes e charges de “A Tribuna”.

E o que queria Justo? Apenas demonstrar por dados econômicos e estatísticos que a autarquia gerava prejuízos constantes para o município. Boa parte do orçamento municipal de 49 milhões era absorvido pelo SMTC, denunciava Justo, que preparou 46 perguntas, mas só pode fazer 5. Por que comprar ônibus, que custavam NCR$ 120 mil por sete mil Km, quando os trólebus faziam o mesmo percurso por nove? Eram perguntas sem resposta.

A imprensa repercutiu como “empate” o resultado do debate de 5 horas, das 15 às 20 horas, em que ele fora impedido de questionar o “General da SMTC”, a quem fustigava na Câmara. Exercendo uma forte oposição que, apesar de minoritária – a ARENA situacionista tinha 23 dos 31 vereadores, maioria simples e até a qualificada de 2 / 3 – era comandada por Justo. Mas diante do cerceamento do debate, Justo chamou o General para outro, organizado pela Associação dos Universitários da Baixada Santista, a então representativa AUBS.

O bloco de oito vereadores do MDB liderados por Justo eram por ele transformados em uma pedra no caminho do Governo, como refletiu uma charge de “A Tribuna” no dia 8 / 11 / 1967. Antes, no dia 6, outra charge mostrava o embate oposição (Justo ao microfone) x SMTC (General Aldévio).

No dia 7, matéria paga da SMTC em “A Tribuna” tentava conquistar a opinião pública, no temor da discussão que abriria o espaço da contestação e exigiria resposta. Ele a deu quando Prefeito, recuperando a CSTC. Por esta história, o nosso Vereador, Prefeito e Deputado Estadual Oswaldo Justo merece a homenagem.



(*) PAULO MATOS - Jornalista, historiador pós-graduado e bacharel em Direito jornalistapaulomatos@yahoo.com.br
Fone (13) 97014788

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