terça-feira, 30 de junho de 2009

DIPLOMA DE JORNALISMO? PRÁ QUE?

DIPLOMA DE JORNALISMO? PRÁ QUE?

Paulo Matos (*)

Se na instituição da exigência do diploma de Jornalismo em tempos da Ditadura Militar – Decreto 972, de 17/10/1969 - existia a intenção de impedir que intelectuais de esquerda exercessem o ofício e disseminassem idéias, o cancelamento de sua exigência agora tem o mesmo sentido - o de fortalecer os poderosos, amigos dos donos de meios de comunicação, que através deles exercem seu domínio executor das piores políticas geradoras de miséria, desemprego e marginalidade crescentes, impedindo a reflexão e o debate, regras básica da informação.

Há alguns anos, diria uma dúzia deles, como jornalista fiz publicações do Sindicato dos Engenheiros em protesto contra a tentativa de rebaixar o nível do diploma, que se tentava. Era o anúncio de uma política neoliberal que busca extinguir as especialidades profissionais na prática da redução do custo da mão-de-obra, nivelando por baixo as economias dependentes. Na fila, médicos, advogados... Em um país que tem como majoritários donos dos meios de comunicação os parlamentares, legalmente proibidos disso, deveríamos esperar o que?

Como se sabe, o neoliberalismo é a busca final de um sistema falido - o capitalismo -, que através da última oportunidade de reduzir custos de produção, ataca os agentes dela, eliminando os consumidores e marchando para o caos da irracionalidade da sua existência deletéria e geradora de crises e miséria - alertando para a importância de sua substituição por sistemas focados no homem e não na produção e coisificação da vida. A “desregulamentação” é a sua senha dessa luta antiga dos poderosos, comemorada em círculos anti-sociais estreitos.

Mas todos os que se opõe ao modelo gerador de crise são demonizados, na ordem unida. Gilmar Mendes é um deles, o Agente 86 desta e de todas as políticas estúpidas, irracionais e desumanas, que na desqualificação do jornalismo rebaixa a rede de comunicação humana e a torna apenas manifestações de privilegiados, contra os interesses da sociedade.

Sua análise que para fazer jornalismo só precisa um cursinho de três meses traduz a formação cultural de generalidades dele e dos que assim propugnam. Percebe-se, nos seus manifestantes, sua profunda ignorância frutificada de suas origens na facilidade que não lhes gerou aprendizado – estes que nunca absorveram Chaplin ou qualquer humanista. São “técnicos”, alegam, pretensiosos.

Reprisando João Cabral de Melo Neto, eles pensam que escrever se faz com os dedos e para isso basta um treinozinho de ginástica manual. Logo, acabarão com médicos, engenheiros, dentistas e advogados, já anunciou o caótico agente 86, propugnando a desregulamentação como "modernidade" dos de cima, ardoroso defensor. Os resistentes de outrora lamentam sinceramente a sucessão de derrotas que se lhes impõe e chamam a atenção de seus autores para a cova que esses abrem diante de si.

Essas pessoas da sala de jantar estão acostumadas a nascer e morrer. E atravessam a vida eliminando obstáculos com seu poder efêmero, sem prever suas conseqüências remotas e seus efeitos devastadores. Creio até que eles não possam fazer isso - eliminar profissões de uma tacada -, pois que ferem até a Bíblia, o Direito e a Humanidade, estes venais. Mas eles passarão e viveremos melhores sem eles.


(*) Paulo Matos, Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito
Fone 13-38771292 - 97014788

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