domingo, 23 de novembro de 2008

A REVOLUÇÃO SOCIAL EXEMPLAR DE ANTONIETA - A certeza na frente e a história na mão

A REVOLUÇÃO SOCIAL EXEMPLAR DE ANTONIETA
(*) Paulo Matos
Em tempos que mesmo após o sacrifício de milhões de seres, há no evento da crise o reconhecimento da análise antiga de Karl Marx, vamos beber na gênese de seu projeto político de Justiça Social. E buscar os exemplos das moradias coletivas nos planos habitacionais. Nos falanstérios de Fourier e Saint Simon, na utopia da igualdade de More concretizando cooperativas e espaços de transformação da produção, como quis Proudhon transposto para o clima da favela.

A oportunidade de uma Revolução Social Exemplar em Guarujá, com a eleição da prefeita Maria Antonieta de Brito no pleito recente, só depende de um desenho, de uma idéia afirmada coletivamente. O que é preciso organizar, discutir, ensaiar e escrever em bloco em busca de apoio federal e estadual para um projeto revolucionário. Que é possível como foi aqui a quarta revolução mundial da psiquiatria ou nossa luta secular no transporte coletivo, que vai vencer. Ou na ação avassaladora das massas na luta da legalização dos ambulantes de praia, que fizemos em atitude revolucionária e redentora.

Guarujá oferece a oportunidade de uma experimentação nos níveis aplicados nacionalmente em Santo André pelo que seria o ideólogo da gestão Lula e seu chefe de programa de governo – Celso Daniel, titular do maior processo de desfavelamento do país. Abre-se a perspectiva da transformação e retomada das ações que ocuparam nossas mentes, nossos corações e desejos tombados na violência dos insanos, que não lograram apagar os palimpsestos - as gravações em rocha impostas pela consciência.

Conheci a experiência de construção de casas em Santo André em Comissão da Câmara de Santos. E lá pude vislumbrar a riqueza das experimentações levadas a efeito na transformação social operada em formas diversificadas de construção, no mais fantástico processo de reversão social que já pude contemplar.

A violência e a venalidade dos insensíveis - ou seja, qual for o fato - cuidou de afastar desta obra seu intérprete principal. Que é, aqui e agora, Maria Antonieta - atriz principal de outra cena que não da desigualdade histórica, mas no desenho e na proposta de uma nova era da humanidade. Porque nascemos em todos os cantos, na terra dura e seca, na parede e na bala, no manifesto, no grito, na história em que derrotamos a tortura.

Desde quando fundamos o PT e na caminhada atravessamos o mar que nos separa de Guarujá com Lula, rumo à cidade que ele crescera e que tinha, então, 58 favelas - em barquinhos ali chamados de catraias -, desde então jamais se despregou de minhas utopias esta imagem gregária das moradias coletivas engajadas a projetos de auto-gestão.

Seria a regeneração de pessoas em processos gigantescos no país-continente, engajando atitudes sociais a partir da construção, reforma, melhoria e urbanização de núcleos habitacionais. A visualização da estendida carência proclamada e a presença do coletivo engajado na mudança era, sim, motivo de esperança e alegria – na concretização dos projetos acadêmicos juvenis.

Guarujá, agora gravada por sucessivas chegadas de gente e abandonos, neste período teve empilhados seres sob os solos às margens de rios e mares com lixo e restos de floresta. Mas há possibilidade de futuro a partir da compreensão ideológica da ação direta como instrumento não de mudanças centralizadas, mas nuclearizadas. Pensar globalmente e agir localmente, eis a regra.

Lula foi parte da primeira ocupação vinda do Norte, do sonho de bairros planejados que viraram favelas como a Vila mais poluída do mundo, Parisi a que um dia escrevemos sua história. Quando na faculdade, gravamos em filme Super Oito as cenas da Vila Socó, antes de ser incendiada em 25 de fevereiro de 1983 - quando andamos por suas pinguelas estreitas e perigosas cheias de crianças, lodo, lixo. Era assim.

Não demorou para que centenas de vidas fossem carbonizadas ali como em um crematório de massas que um dia algum tecnocrata malthusiano sugerisse como eliminador das massas excluídas do processo. No reverso, em Santo André, o envolvimento comunitário nessa tarefa de auto-geração oferecia um clima quente à cidade, ainda que no inverno. Entusiasmo contagiante em gerações de envolvidos e sobre os que Miriam Belchior discorria descrevendo fórmulas, estatísticas, modelos, mapas, índices – mas nada tão imagético e sensorial como aquela possibilidade que se sugeria impossível nos velhos receituários arbitrários. Que fazia ver imagens do amanhã amplo, farto e igual, colorido e comum, revolucionário.

È esta a oportunidade de um desenho mágico que equalize Guarujá, marco frontal da diferença social, pois que abrigo de milionários desde fins do século XIX e ponto de chegada de migrantes na Itapema que seria Vicente de Carvalho, o poeta do mar, sem sequer lembrar sua poesia. O mar, agora, não é belo. Era um líquido verde-escuro que assustava com suas ondas batendo nas palafitas ainda mais nas noites de vento e de frio, de crianças assustadas e chorosas, de medo. Mas nada será como antes: com Antonieta, a implantação do maior programa social do país, amigo Lula, ali, no lugar na vida que você conhece e esteve e que não será mais do que justiça, virá pelas mãos do trabalho.

Nossa esperança só pode vir dos sem-esperança, diria a Paris de 68. As moradias são vitais porque as condições de dignidade pessoal porque são essenciais para o livre desenvolvimento de cada um, diria Lênin. Para quem é preciso sonhar, mas com a condição de crer no sonho. E observar com atenção a vida real realizando escrupulosamente nossas fantasias, avisou. A Revolução Exemplar de Guarujá é possível, a poesia está na rua. É este o espírito que deve comandar uma gestão que só faça concessões à necessidade e à geografia humana multicor de Guarujá. É hora de fazer a hora por quem sabe, com a certeza na frente e a história na mão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Paulo! Em primeiro lugar parabéns pelo seu blog. Em segundo, parabéns pela iniciativa de falar da Professora Antonieta. Uma pessoa séria e com boa vontade política para a resolução dos déficits sociais. Assim como você, acredito que Maria Antonieta de Brito fará uma revolução na cidade de Guarujá, durante sua gestão. Guarujá é uma cidade com muitas carências, na saúde, na habitação, mas tenho fé que a prefeita Antonieta moverá políticas públicas para sanar parte desses problemas.
Abraços!