quinta-feira, 24 de julho de 2008

SANTOS QUER HISTÓRIA - III

SANTOS QUER HISTÓRIA - III

Paulo Matos

Hoje colocam imitações em papelão das construções históricas, várias no José Menino. E a fachada de painéis na porta da Cidade Junina deste ano, na Portuguesa Santista, canal 1? É bela, mas triste. Significa o que derrubamos ou não conservamos.

Por exemplo, onde está o edifício Marajoara, o mais rico palacete da orla, de Godofredo Faria. E o Hotel Internacional, de 1895, que já se chamou de Grande Hotel do José Menino, demolido em 1959 e que deu lugar aos prédios na areia, além do Hotel Martini e Boa Vista. E o Santos Hotel de 1924.

Sim, temos apenas uma das Estações Elevatórias de Saturnino, agora protegida, na Vila Nova. Temos o casarão da praia que foi sede do Jockey Clube e moradia do deputado Rubens Paiva, sede do Clube XV e hoje da Caixa Econômica Federal. Temos a sede da Associação Comercial de 1930 e perto dela o prêmio de Arquitetura em Paris inaugurada em 1922, a Bolsa do Café – restaurada em 1999. A sede da Prefeitura, de 1839, está no espaço que já foi Horto Municipal.

A Bolsa do Café, tombada em 1981, fica ao lado do prédio particular mais antigo de Santos, na Rua Frei Gaspar e ao lado da Bolsa de Valores de 1925. O Centro Português no centro é atração e a Casa de Câmara e Cadeia. Obra do segundo Império, levou 30 anos para ser construída, de 1836 a 1866, na Praça dos Andradas (que tem o busto de Getúlio Vargas) foi restaurada há décadas.

Um vereador propôs demolir a Casa de Câmara e Cadeia. E eu protestei em artigo no Jornal A Tribuna, isso há 26 anos. Ele queria uma passagem reta no túnel. Ah, essa mania de linhas retas dos positivistas que significam o domínio sobre a natureza e a curva – como viu Niemeyer. O Panteão dos Andradas de 1923 é marca de Santos, de seu herói nacional.

Um espaço de festas, também na praia do José Menino, fez um castelo de imitação, procurando reaver a imagem perdida de Santos das construções históricas demolidas. Dos casarões do centro sem restauro, na lembrança do crime da demolição, nos anos 70, do Parque Balneário de 1914 no Gonzaga (que foi construído originalmente em 1900 por Julio Conceição, o mesmo do Parque Indígena do Boqueirão, cujo acervo de plantas povoou o Orquidário). E de sua substituição pós-moderna por um caixote de concreto escuro e anti-estético.
Temos o Centro Português, arquitetura manuelina, construído de 1898 a 1901 no centro. E a Vila Nova, junto ao Paquetá, que já foi o bairro mais moderno e "chique" de Santos - hoje com seus belíssimos casarões repletos de abandono e transformados em cortiços?

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