quinta-feira, 24 de julho de 2008

SANTOS QUER HISTÓRIA - I

SANTOS QUER HISTÓRIA - I

Paulo Matos

Santos quer história: a cidade que quer se credenciar como receptora de visitantes do turismo histórico pode, neste intuito, usufruir de alguns trechos restaurados ou quase na rua XV de Novembro - com seus postes de plástico imitando bronze e seus casarões destruídos, mas vá lá – serviram para a gravação de cenas de novelas globais, inclusive.

Mas o que dizer de uma cidade que maltrata o patrimônio, mas tem edifícios como o da Beneficência Portuguesa, de 1920? E os canais, iniciados em 1907 – quando se inaugurou o Canal 1 – e concluídos em 1925? Ajudamos a tombá-los e impedir aventuras que os destruíssem.

Vamos aproveitar o que for possível, até a sede do Sindicato dos Estivadores, na rua do mesmo nome lá no cais, que está caindo aos pedaços, antiga Escola Italiana. As construções antigas são como a identidade da cidade, reconhecida por seus moradores e visitantes por suas imagens.

Vai longe a primeira luta pela preservação em Santos, que tem como marco a resistência em ceder o Convento do Valongo à Estação Ferroviária da SPR, isso no fim dos anos 60 do século XIX – uma construção neoclássica. Vem de antes, dos primeiros anos de Santos, a casa do Trem Bélico. Que foi construída de 1640 a 1656, outros dizem em 1734 – junto ao Outeiro para guardar armas e outros “trens”, daí o nome.

E veja, o cais do porto só viria 25 anos depois, pressionado e exigido pela movimentação gerada a partir desta estrada de ferro. Antes esteve na Ponta da Praia, fundado pelo bacharel. Depois foi o “Porto do Bispo” no Valongo. E outro junto ao Outeiro de Santa Catarina.

O construtor da estrada de ferro que trouxe o café para Santos, no entanto, o Barão e depois Visconde de Mauá, cujo nome era Irineu Evangelista, tem um busto na Praça com seu nome. E nele se diz apenas que teve uma agência do Banco Mauá em Santos. Não se fala que ele, com sua estrada, fez com que esta fosse uma cidade, que não seria sem ele. Desprezo, como colocar a homenagem aos Gafrée e Guinle fundadores da Docas na Praça Barão do Rio Branco...

E o Casarão do Valongo, construído de 1865 a 1872 pelo Comendador Neto, que ía ser a sede do Governo Estadual se a Capital viesse para cá, como se comentou? Destruído, será restaurado, promete-se. Obra de 1865 foi sede da Câmara Municipal (1894-1939), a Câmara que governava a cidade até 1907 – quando foi criada a figura do Município. Temos a casa de João Eboli, construída em 1884 sobre a rocha e sobre o que restou do Outeiro de Santa Catarina – onde se originou a cidade, restaurada e sede da Fundação Arquivo e Memória.

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