artigo publicado no Jornal da Orla em 2001
Paulo Matos
No calor do debate sobre o tombamento dos jardins da praia, o Secretário de Obras do município chamou seus defensores de “um bando de idiotas”, em uma entrevista na TV. Decerto que nem tanto quanto os que autorizaram a devastação de uma centena de árvores frondosas da avenida Ana Costa, em tempo de pragas em 80% dos vegetais da cidade e aquecimento global. Idiotas, talvez, mas incapazes de retirar dinheiro do orçamento destinado a casas para os pobres, como fez o prefeito neste dezembro de Natal – entre outras ações avessas aos interesses da maioria do povo, em atitudes fora de tempo e de época – que é de solidariedade.
O Secretário de Obras, de um prefeito que quis aumentar demais o IPTU para os pobres e baixar o dos ricos, em uma operação Robin Wood às avessas, está feroz como o Chefe do Executivo contra os que querem tombar o jardim da praia, como se lhes tirasse a oportunidade de fazer alguma coisa muito desejada, mas que não tem coragem de dizer. Falam que “os santistas” é que devem mandar nele, sem explicar quantos e quem são estes donatários, cujos nomes caberiam em meia folha de guardanapo. Dizem não poder consertar nem a calçada, mas colocaram a iluminação de natal sem problemas.
Mas o que fará um Governo Municipal que quer produzir uma ciclovia no meio da calçada de 5 milhões, parte dos quais tirados da habitação ? Que se recusa a fazer ciclovias quase de graça na praia e por toda a cidade, como propôs o vereador Ademir Pestana ? O que fará com uma ciclovia em que não se poderá andar a mais de 5 Km por hora (cheia de crianças e avós, carrinhos, velocípedes, acidentes) ? Que arrancará as únicas árvores saudáveis da cidade ? Que criará novas faixas de travessia e perigo ?
“Quem quiser andar mais veloz volte para a rua”, disse um membro do Governo – lugar do povo nesta administração. Que quer fazer uma ciclovia inútil para a maioria, equivocada e catastrófica, um erro de engenharia. Os que reagem com violência contra os que só querem sua cidade protegida contra o lucro imediato são seres sem história e sem futuro, mostram-se e condenam-se no lendário julgamento de Salomão. São os verdadeiros idiotas da natureza.
(*) Paulo Matos é jornalista, historiador pós-graduado e quintanista de Direito da Unisantos.
É membro da Comissão de Defesa dos Jardins Lidia Federicy
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