terça-feira, 7 de setembro de 2010

BIOGRAFIA DO EDITOR

BIOGRAFIA DO EDITOR

UMA VIDA COM VONTADE

Ele poderia escrever sobre tantas coisas que atraem jovens e emoções, mas preferiu falar de questões sociais, uma mania que incorporou na adolescência. É como o personagem Fritzcarraldo, representado por Klaus Kinsky no filme do mesmo nome do cineasta alemão Werner Herzog, após uma façanha incrível que desaparece sem deixar vestígios (atravessar a montanha com um navio), lhe perguntam quem vai acreditar em sua história. E Fritzcarraldo, o amante da ópera de Caruso que faz tocar para índios anônimos na imensidão amazônica, responde que o que na verdade importa é que ele fez, não que acreditem. E assim, eu conto minha história na terceira pessoa, em que “ele” sou eu.

Tem este sentido esta nossa história, a deste Paulo Matos nascido em um 9 de outubro de 1952, na mesma data que Cervantes Saavedra de D. Quixote, de Mário de Andrade, de Lennon de Imagine, Taiguara de “carne e osso” e afins. Jornalista e historiador pós-graduado, com prêmio estadual de história Faria Lima, bacharel em Direito pela Universidade Católica de Santos, já fez produção de jornal de rádio (Rádio Cacique, com o jornalista Raul Christiano), editou diversos jornais sindicais e de entidades, foi articulista de temas históricos em revistas e é escritor - autor, entre outros trabalhos, de livros editados pela Prefeitura de Santos.

Seu trabalho de Conclusão de Curso na Faculdade de Direito foi “Catracas, cobradores e direitos sociais”, coroando uma caminhada de 20 anos nas lutas do transporte coletivo, oferecendo instrumentos jurídicos para a humanização do serviço vital para as grandes massas.

Militante cultural nas áreas de teatro e cinema, trabalhou com reportagens cinematográficas, foi dirigente cineclubista e promoveu e apresentou eventos. Militante estudantil da geração 68, dirigente das mobilizações de 1980/81 – quando era representante dos alunos da Faculdade de Comunicação no Colegiado Superior -, foi também coordenador jurídico do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Católica de Santos, o DCE - Livre – tendo atuado no movimento popular.

Matos criou, organizou e dirigiu o movimento pela legalidade dos ambulantes de praia, entre 1983 e 1986, legalizando a atividade pela primeira vez no país e promovendo socialmente mais de três mil pessoas que dependiam desse comércio, hoje expandido, em prol do turismo da cidade. E escreveu, entre outros trabalhos inéditos, os livros publicados pela Prefeitura de Santos em 1987 e 1996, respectivamente “Transporte Coletivo em Santos” e “Caixeiro, conferente, Tally Clerk – uma odisséia em um porto do Atlântico” - uma história do Sindicato dos Conferentes, do maior porto do hemisfério sul e da cidade - além de ser cronista dos jornais e revistas locais para que escreveu e escreve às vezes.

O jornalista atuou na assessoria de imprensa, tendo atuado em sindicatos da região. Em 1986, foi premiado em primeiro lugar no concurso estadual de história da Fundação Prefeito Faria Lima/CEPAM/Secretaria de Estado do Interior, classificado em primeiro e segundo lugar no Prêmio Literatum da Faculdade de Direito em 1997, nas categorias prosa e poesia, tendo sido laureado com o “Troféu Brás Cubas” como “Jornalista do Ano”, em 1991.

Paulo Matos foi coordenador e apresentador de um programa de debates e entrevistas públicas sobre temas políticos e sociais – tendo promovido diversos seminários com o seu Tribunal do Gonzaga. Indiciado na Lei de Segurança Nacional em 1984, demitido da CETESB onde trabalhava, obteve a anistia política em 1998 e retornou à empresa no ano seguinte. Palestrista de temas históricos no espaço da Universidade Católica, na programação cultural Semana Fafiana e no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, em 1996.

Matos foi militante e organizador de movimentos culturais nas áreas de teatro e cinema, com formação curricular nestes campos da arte. Exerceu tarefas de assessoria de imprensa para diversas entidades e parlamentares, trabalhou com reportagens cinematográficas, promoveu e apresentou eventos e editou diversos jornais e revistas.

Integrante do movimento estudantil da geração 1968, do movimento de anistia e representante dos alunos no Colegiado Superior da Faculdade de Comunicação, em 1980, é dedicado ao estudo dos movimentos sociais da região desde sua formação em jornalismo em 1983 – quando fez um trabalho de conclusão de curso sobre a imprensa sindical da fase do sindicalismo livre.

Responsável pelo processo de legalização dos ambulantes de praia “da caipirinha e da raspadinha”, iniciado em 25 de fevereiro de 1083 e com a lei que os legalizava finalmente aprovada em 1986, pela primeira vez no país e após derrubar uma lei estadual – tudo com ampla mobilização do conjunto dos ambulantes entre manifestações e assembléias - , tem amplo material gráfico sobre o tema, contando toda esta (sua) história. São milhares de pessoas integradas socialmente e milhões de pessoas atendidas com conforto na areia.

Matos é também autor do trabalho histórico sobre Vila Parisi , bairro de Cubatão e durante a década de 80 palco de intensas lutas sociais, configurado como o lugar mais poluído do mundo, ainda inédito, O livro é denominado “Vila Parisi, tragédia e esperança” e foi elaborado a partir do pedido do então Prefeito Nei Eduardo Serra.

Pesquisador, é inédito seu trabalho “Santos retoma Canudos – um século de luta pela terra / 1893-1993”, feito a pedido do ex-prefeito de Santos, David Capistrano. Na época, Matos fez um seminário com as principais lideranças da luta pela terra no Brasil, comemorando o centenário da ocupação da “Fazenda Velha”, no sertão da Bahia, pelos seguidores de Antonio Conselheiro – resultando na maior guerra civil do país, com tropas de 11 estados brasileiros bombardeando o núcleo batizado de Belmonte.

“A empulhação em nome da legitimação da República, observa o autor, atribuindo aos canudenses (camponeses expulsos a terra, índios, ex-escravos abandonados, miseráveis) a feição de ‘monarquistas’ foi o fenômeno que justificou o genocídio, pelas tropas do Exército, de 30 mil pessoas – que resistiram e venceram 3 batalhas, até a derrota final em 5 de outubro de 1897”, revelou sobre o importante e crucial tema.

Paulo Matos é autor de um trabalho inédito sobre o programa de saúde mental desenvolvido em Santos, a partir de 1989, vanguarda nacional no setor com o então Secretário de Saúde, e depois Prefeito, David Capistrano da Costa Filho. Que mais de uma década antes da legislação antimanicominial, implantou esta nova realidade na cidade – na gestão da Prefeita Telma, de Souza, do PT, 1989 – 1992. Intervindo a 3 de maio do primeiro ano de governo na então chamada “Casa dos Horrores”, a Casa de Saúde Anchieta, um depósito desumano de pacientes de saúde mental - sobre a qual escrevemos como marco mundial.

Nenhum comentário: