sábado, 13 de fevereiro de 2010

PM: MUDANÇA DE NOME? - pelo fim do estado paralelo


PM: MUDANÇA DE NOME?
- pelo fim do estado paralelo

Paulo Matos (*)

Louvável a intenção do governador Serra, da mudança do nome da polícia que deixou de ser “Força Pública” para ser “Polícia Militar” em período de ilegalidade constitucional. O simbólico faz parte sim da solução.

A Ditadura Militar 1964-1985 deixou rastros e, diria Goethe, é mais fácil matar o dragão do que remover a carcaça. A mudança psicológica é sim válida. Mas não basta e avançar é preciso, nossa perspectiva sempre foi de apoio aos avanços sociais e humanos, pelo fim da barbárie existente em nosso país em função do quadro.

A PM que vem da Força Pública e da Guarda Civil, não esqueçamos, é herdeira da Guarda Nacional encarregada de reprimir e buscar escravos fugidos. Uma incumbência que, sabemos, rejeitou - encaminhando a redenção da escravatura. Mas está gravada em sua história e em seu espírito codificado para a repressão.

Não basta que, ao seu estilo, Serra mude apenas o nome da corporação, cujos membros não são culpados por sua estrutura, seus métodos, sua hierarquia, sua forma de atuação e sua estratégia – que era de combate ao “inimigo interno”, os que queriam melhorar o país no enfrentamento recente.

A PM e a Polícia Civil exigem-se em um corpo único e civil a serviço da sociedade. Exigem-se unidas e nacionais, sem exercerem papéis de exércitos estaduais nem de corpos repressivos às manifestações populares, com alto número de oficiais de comando e hierarquia própria, estados paralelos – uniformes e características militares e guerreiras.

Principalmente, a policia unificada exige-se que sejam dirigidas por técnicos de geografia popular, especializados em fenômenos de massa, educadores, arquitetos, engenheiros capacitados para distribuição e análise dos contextos e espaços, entre outros profissionais especializados.

Deixar o policiamento nas mãos de quem nunca teve contato com a realidade urbana - e recebe o mesmo treinamento da época da captura de escravos e de comunistas – é e se mostra diariamente caótico, basta ver os desvios causados inclusive pela falta de contato direto policia-povo, que se resolveria pelo policiamento comunitário.

Assim, a reformulação das estratégias de segurança pública obrigatoriamente apenas pelo aumento do número de armas, soldados, mas de instrumentos de dissuasão não-letais que reduzam a letalidade das maiores do mundo encontradas em nosso país – na técnica usual de atirar primeiro e depois pedir documentos.

O caso recente de um surfista “armado” apenas com sua prancha e de sunga ser parado na ciclovia da praia de Santos - e intimado sob automáticas a mostrar documentos - é bem demonstrativa da necessária modificação desse espírito de jogar bombas de gás e distribuir cacetadas nos estádios como se estivéssemos lidando com inimigos e não com irmãos. Pela mudança da PM.


Paulo Matos 
Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito 
E-mail: jornalistapaulomatos@yahoo.com.br

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