quarta-feira, 30 de setembro de 2009

HISTORIADOR DIZ QUE PRÉ-SAL REPETE DEBATE DA AUTONOMIA DE RESERVAS

HISTORIADOR DIZ QUE PRÉ-SAL REPETE DEBATE DA AUTONOMIA DE RESERVAS


Quarta-Feira, 30 de Setembro de 2009, 07:08
Da Redação

LUIZ FERNANDO YAMASHIRO


A história de Deoclécio Santana terá um novo resgate nas páginas de Verão Vermelho ­

Os 60 anos da luta O petróleo é nosso, livro que o historiador e jornalista Paulo Matos preten- de concluir até o final deste ano. Ex-militante do PCB, Matos diz que o ensacador foi vítima da perseguição comum naquela transição de década.

"Era assim com todo mundo que falava em petróleo no Brasil. Os Estados Unidos sabiam que tinha petróleo aqui, mas tinham planos de fazer do Brasil uma reserva futura. E o (presidente) Dutra era agente dos norte-americanos".
PÁGINAS AMARELAS

Folheando as amareladas edições do Jornal do Petróleo, um dos embriões da campanha pela autonomia, o historiador vê no atual debate em torno do pré-sal uma repetição do duelo daquela época. De um lado, uma ala nacionalista, defendendo o monopólio estatal; do outro, pessoas "ligadas ao capital internacional", que tentam, novamente, impedir o desenvolvimento do País.

"Esta aí a oposição (ao Governo Federal) querendo abrir a exploração a empresas estrangeiras, fazendo o que a UDN (União Democrática Nacional) fez lá atrás", diz, apontando a manchete de A Tribuna do último dia 22. "É aquilo que (Karl) Marx escreveu: a história se repete, a primeira vezcomo tragédia, a segunda, como farsa".

Na defesa de suas ideias, Matos argumenta que hoje, se não houver mobilização popular semelhante à de O petróleo é nosso, a riqueza gerada em solo nacional corre o risco de ir parar em contas bancárias estrangeiras.

"O petróleo brasileiro é de quem nasceu aqui, de quem trabalha aqui, de quem financiou a descoberta pagando imposto. Se não respeitarem isso, seremos uma Arábia Saudita: cheios de petróleo, com uma minoria milionária e o resto da população na pobreza".

DÍVIDA

Também militante do PCB e apoiador da campanha, o pintor santista Mário Gruber diz que a Petrobras só atingiu o status atual graças ao sacrifício de pessoas como Deoclécio. E do alto de seus 82 anos, dispara: "A empresa tem uma dívida histórica com ele. Aquela era uma época de muita repressão. Então, a morte não repercutiu como deveria".

A exemplo de Paulo Matos, Gruber também é refratário à participação de outros países na exploração do petróleo nacional. Mas, comparando as épocas, credita a apatia atual à falta de informação por parte dos brasileiros. "Se derem destaque ao assunto, informando corretamente, a população se interessa e vai às ruas".

SEM HOMENAGEM

Sem hesitar emchamar Deoclécio de mártir, o ex-presidente do Sindicato dos Petroleiros, Vasco Nunes, acredita que, cedo ou tarde, o reconhecimento virá. "Zumbi (líder do Quilombo dos Palmares) levou 400 anos para ser reconhecido. O Deoclécio morreu só há 60".

Em nota enviada a A Tribuna, a Petrobras "reconhece que Deoclécio Augusto Santana foi um mártir na luta pelo monopólio durante a campanha O Petróleo é Nosso, em sua atuação na cidade de Santos". Informou, porém, não haver homenagem oficial da companhia a ele.

Histórico do petróleo no Brasil

Nos anos 30, o escritor Monteiro Lobato passa a defender a existência de petróleo em solo nacional e a soberania do Brasil em relação à sua produção. Em 1939 é perfurado, na Bahia, o primeiro poço do País.

Em 3 de outubro de 1953, o presidente Getúlio Vargas sanciona a Lei 2.004, que constitui a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras) e estabelece o monopólio do Governo Brasileiro sobre pesquisa, extração e refino do petróleo.

Nas quatro décadas seguintes, a empresa torna-se líder na comercialização de derivados no País e recebe, em 1992, o prêmio da Offshore Technology Conference (OTC), o mais importante do setor.

Em 1997, a produção da estatal coloca oficialmente o Brasil entre os 16 países que conseguem produzir mais de 1 milhão de barris de óleo por dia.

Nesse mesmo ano, no dia 6 de agosto, o presidente Fernando Henrique Cardoso sanciona a Lei nº 9.478, acabando com o monopólio do Brasil e abrindo as atividades petrolíferas a empresas privadas.

Em 21 de abril de 2006, o País atinge a autossuficiência em petróleo. No ano seguinte, a Petrobras torna-se a sétima maior empresa de petróleo do mundo com ações negociadas em bolsas de valores, de acordo com a Petroleum Intelligence Weekly (PIW).

No ano passado, foi reconhecida através de pesquisa da Management & Excellence (M&E) a petroleira mais sustentável do mundo e referência mundial em ética e sustentabilidade.

Neste ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o marco regulatório para a exploração do pré-sal, criando uma nova estatal, a Petro-sal. Diferentemente da Petrobras, esta nascerá sob o sistema de partilha de produção: o óleo extraído será dividido entre a empresa que faz a exploração e o Governo Federal.

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo blog, como parente do Sr. Deoclécio fico muito feliz pela citação, e que a morte dele não tenha sido em vão.
Por favor, no ato do lançamento do livro, gostaria que me informasse o local para que os familiares possam acompanhar..
PS: Tenho material sobre ele, caso fique interessado.
abços
Luciano P.Santana
lp_broker@hotmail.com