PETRÓLEO NA PAUTA
MOSSADEGH E A POLÊMICA VISITA DO LIDER DO IRÃ A LULA
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Por que tanta contestação ao “ditador”?
Por que tanta contestação ao “ditador”?
Paulo Matos (*)
A visita do líder do Irã Mahmud Almahbinejad ao presidente Lula, amplamente reprovada pelas grandes mídias, vislumbra uma alternância na política externa de forma a adequar o figurino do país à nova ordem do petróleo. Notadamente da consagrada quirografariamente com os Estados Unidos, sem nada escrito, mas imposto pela força, desde o final da Segunda Guerra. Ou seja, vamos abandonar o estágio colonial. Mahmud só precisa parar com essa conversa de querer jogar o povo de Israel no mar - por mais crueldades que eles façam com os palestinos. É outra a linguagem e Lula está ai para isso.
O Brasil tem a necessidade de construir um novo perfil em face de sua ascensão como potência petrolífera. E monta estratégias políticas e comerciais, pensando grande. Lula remonta processos históricos antigos que vicejam em torno do rompimento do domínio do petróleo - com que o Brasil, na atual fase, traz profunda identidade. O Irã, a antiga Pérsia, é um antigo produtor. E muito temos a ganhar neste entendimento com um país alinhado economicamente no antigamente chamado “Terceiro Mundo”, com práticas de enfrentamento há quase 60 anos.
A meta é reverter as más políticas que claudicam neste processo, o que impôs o atraso ao Brasil no setor com atraso na exploração – que superou, impondo-se ao mar na melhor tecnologia do mundo -, assim como a entrega pelas concessões do governo anterior de grandes bacias aos que pretendem o monopólio, em regras que querem manter. Vamos comemorar, em primeiro de maio de 2011, os 60 anos da nacionalização do petróleo pelo Irã.
No ano de 1951 aconteceu no Irã a revolução petrolífera do primeiro-ministro do Irã Mohamed Mossadegh, durante o governo do Xá Reza Pahlevi, que era subserviente aos EU e à Inglaterra e o colocou para fora. Foi Mossadegh que nacionalizou o petróleo e a Anglo-Iranian inglesa, um estado dentro do estado, que o explorava sua descoberta em 1908. Hoje é um herói por lá.
Em finais de agosto de 1953 Mahmud Mossadegh seria derrubado, pois o Xá Reza Pahlevi recuperou seus plenos poderes como títere dos interesses anglo-americanos no Irã. Nacionalista, Mossadegh era chefe do Movimento Nacional Iraniano e para muitos esta expulsão foi o fim do Império Britânico. Era a “Operação Ajax”, da CIA e do Serviço Secreto Inglês. Em face do processo, entrou em ação o movimento antinacionalista dos EU, que agiu na Guatemala, Brasil e Argentina, derrubando respectivamente Arbenz, Vargas e Perón, em 1954.
Embora derrotada, esta experiência foi a partida para que se impusessem relações mais justas ou nem tanto na questão do petróleo, na base de meio a meio. Agora, se Lula quer ficar de bem com Mahmud Ahmadinejad, fale bem de Mossadegh - escolhido recentemente como a personalidade histórica do Irã. Não sei por que, quem vende livros a beça por lá é o Paulo Coelho, quatro milhões de exemplares. Vê-se que é um povo estranho esse do Irã, mas com os mesmos interesses comerciais no petróleo. É mais ou menos isso.
(*) Paulo Matos - Jornalista, Historiador pós-graduado e Bacharel em Direito, está escrevendo o livro “Verão Vermelho-os 60 anos do movimento O petróleo é nosso”“
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